Folha de S. Paulo


Em cerimônia com Lula em Alagoas, reitor cobra fim de 'alianças espúrias'

Uma homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi marcada por constrangimento na manhã desta quarta-feira (23) na cidade de Arapiraca (AL), onde o petista recebeu o título de doutor honoris causa da Uneal (Universidade Estadual de Alagoas).

Responsável pela concessão do título, o reitor Jairo Campos criticou a política de alianças praticadas pelo petista, afirmando que a "fatura é alta".

Anfitrião de Lula em sua visita a Alagoas, o senador peemedebista Renan Calheiros (AL) foi vaiado por petistas ao ter seu nome anunciado para composição da mesa. Seu filho, o governador Renan Filho, recebeu vaias mais leves.

Minutos depois, pai e filho, que são do mesmo partido do presidente da República, ficaram imóveis enquanto público e demais integrantes da mesa gritavam, em coro, "fora, Temer".

Na véspera, os dois peemedebistas foram recepcionar Lula à beira do rio São Francisco, na cidade de Penedo. Renan deu peso à solenidade da universidade, levando prefeitos peemedebistas à cerimônia, mas não discursou.

Seu filho fez um discurso afirmando que este é um momento em que se faz necessário se posicionar. Disse ainda que foi no governo de Lula em que o Nordeste pôde "crescer mais do que o restante do país".

Em seu discurso, o reitor afirmou que "carecemos da certeza de que não teremos mais um vice golpista e que todas essas medidas de retrocesso sejam revisitadas".

O reitor disse ainda esperar um governo "que não seja mais apenas conciliatório. Mas revolucionário".

Segundo o reitor, "é preciso acabar com as aproximações, acordos e alianças que nos acarretam dependência". "É preciso saber quando necessário perder com dignidade, mas, se ganhar, que seja com alma pura."

Dirigindo-se a Lula, cobrou ainda: "É preciso que nos dê resposta à altura do que cobramos e esperamos. Que diga não às alianças espúrias, que construa uma plataforma social e verdadeiramente popular".

O reitor afirmou ainda que sofreu perseguição por conceder o título a Lula.

O ex-presidente respondeu: "Creio que a motivação [da ameaça] não é a Uneal ter me concedido esse título. Na verdade, a Uneal foi agredida porque foi a primeira a formar no país professores indígenas. Foi a primeira a formar professores para atuar no campo".

AÇÃO PENAL

Nesta quarta-feira, chegou ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre, o processo no qual Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro na primeira instância, em julho.

O ex-presidente foi sentenciado por Moro a 9,5 anos de prisão no caso, que envolve um tríplex em Guarujá (SP), mas recorre em liberdade.


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