Folha de S. Paulo


MBL e jovens do PSDB planejam união para 2018

Fabio Braga/Folhapress
Sao Paulo, SP, Brasil, 09.05.2016 Grupo pro impechment se reunem na Paulista contra a decisao de Waldir Maranhao, presenca de Kim Kataguiri Foto:Fabio Braga/Folhapress cod3517
Kim Kataguiri e Fernando Holiday (ao fundo) durante ato do MBL na avenida Paulista

A bancada jovem tucana que quer o desembarque do partido do governo de Michel Temer deve se unir ao MBL (Movimento Brasil Livre) para as eleições de 2018, dentro ou fora do PSDB.

As conversas entre os parlamentares do grupo, conhecido como "cabeças pretas", e os coordenadores do movimento de direita que foi um dos protagonistas dos atos pelo impeachment de Dilma Rousseff têm se intensificado com o avanço do calendário pré-eleitoral.

"Temos uma convergência na agenda parlamentar agora e estamos conversando para eventualmente na eleição lançar e apoiar candidatos do mesmo partido", afirma Renan Santos, um dos coordenadores do MBL.

"As ideias liberais de redução do Estado têm nos unido, além é claro de uma presença tanto dos 'cabeças pretas' como do MBL junto à juventude e à força de redes sociais", afirma o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE).

O movimento, que surgiu em 2014 e elegeu sete vereadores nas eleições de 2016, busca uma legenda que abrigue seus candidatos a deputado federal. O principal deles será Kim Kataguiri, um dos coordenadores e principal figura midiática do MBL, mas o grupo já afirmou que deverá lançar ao menos 15 candidaturas.

A presença no grupo dos "cabeças pretas" de deputados do Nordeste, como o próprio Coelho, é vista como uma forma de ajudar a nacionalizar o MBL, mais forte hoje no Sul e no Sudeste.

Já a ala jovem do tucanato tem ganhado notoriedade por ter capitanear no partido o movimento pró-desembarque do governo Temer e agora está de olho na força do MBL nas redes sociais. Hoje, no Facebook, a página oficial do movimento tem 2,3 milhões de curtidas. A do partido, 1,3 milhão.

Além dos "cabeças pretas", formam o núcleo de parlamentares envolvidos nas conversas outros oito deputados. Desses, a maioria faz parte dos 21 tucanos que votaram pela admissibilidade da denúncia contra Temer.

NOVO PARTIDO

Nas conversas, segundo a Folha apurou, ainda discute-se a possibilidade de que a junção entre as duas forças jovens se dê em outro partido.

No PSDB rachado, os "cabeças pretas" ficam ao lado do presidente interino, Tasso Jereissati (CE), que defende a entrega dos cargos e saída do governo. Com a manutenção do senador na presidência do partido, eles afirmam que se tornou mais remota a probabilidade de uma saída.

Deputados, porém, admitem que, caso a direção do partido dê uma guinada governista nas convenções de dezembro, é possível que deixem o PSDB para concorrer em outra sigla em 2018.

Nos bastidores, é aventado o PSL, que quer se refundar como o Livres. O partido adota discurso libertário, com a junção do liberalismo econômico e pautas mais progressistas nos costumes.

Mano Ferreira, diretor de comunicação do Livres, afirma que o partido dialoga com os parlamentares tucanos, mas que ainda não há mudança partidária prevista.

A junção dos grupos, no entanto, pode enfrentar resistências internas. Uma delas pode ser a de que presidenciável apoiar. Se no MBL há um movimento pró-João Doria, prefeito tucano de São Paulo, há entre os "cabeças pretas" uma parcela expressiva que gostaria de ver o governador paulista, Geraldo Alckmin, também do PSDB, na disputa para a Presidência.


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