Folha de S. Paulo


Polícia diz que disputa de traficantes motivou morte de quilombolas na BA

Divulgação/Assessoria Incra
Território Quilombola de Iúna fica na região de Lençóis, na Chapada Diamantina (Foto: Divulgação/Assessoria Incra)
Território Quilombola de Iúna, onde seis moradores foram assassinados

A Polícia Civil da Bahia prendeu três suspeitos de fazer parte da quadrilha que ordenou o assassinato de seis moradores de uma comunidade quilombola na zona rural de Lençóis, a 427 km de Salvador.

A chacina aconteceu na noite de domingo (6) no Território Quilombola de Iúna, cujo processo de regularização fundiária foi iniciado recentemente pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

Segundo a polícia, as mortes foram motivadas por uma disputa pelo tráfico de drogas na região e não têm relação com um possível conflito agrário.

As investigações apontaram que uma duas das vítimas, Gildásio Bispo das Neves, 51, e Adeilton Brito de Souza, 22, eram os alvos da ação criminosa. Ambos tinham passagem pela polícia por tráfico e controlavam a venda de drogas no povoado de Iúna.

Também era alvo da emboscada Gildemar Alves das Neves, filho de Gildásio, que morava em uma casa vizinha.

Ele não estava na residência no momento da emboscada, mas os bandidos mataram quatro pessoas que estavam no local –nenhuma delas tinha envolvimento com crimes.

QUADRILHA

Cinco homens participaram diretamente dos assassinatos. Segundo investigação da polícia, todos eles vieram de Salvador e foram contratados por Leonardo da Silva Moraes, 29, conhecido como Leo Careca.

Segundo a polícia, Leonardo é o líder de uma quadrilha que comanda o tráfico de drogas na região e teria ordenado a morte de Gildásio Bispo e Adeilton Souza sob alegação de que estavam fornecendo drogas para um rival pertencente a outra quadrilha.

A polícia prendeu nesta quarta-feira (9) três pessoas apontadas como membros da quadrilha de Leonardo: Indira Luanda Ferreira Barbosa, 44, Ana Paula Gomes Santos, 35, e Gilvan Santos de Jesus, 26.

As duas primeiras atuavam na contabilidade e na venda das drogas e deram abrigo aos bandidos que vieram de Salvador. Gilvan também atuava na venda das drogas, mas não teve participação no crime. Os três foram autuados em flagrante por tráfico.

A polícia procura o chefe da quadrilha, Leo Careca, e Alef da Silva Alves, 24, integrante do grupo que teria sido responsável por levar os assassinos até o local do crime e ajudá-los a fugir. Também estão foragidos os cinco bandidos que teriam matado os quilombolas.

Além de Adeilton Brito de Souza, Gildásio Bispo das Neves, foram mortos Amauri Pereira Silva, Valdir Pereira Silva, Marcos Pereira Silva e Cosme Rosário da Conceição. Segundo a polícia, cada vítima recebeu de quatro a cinco tiros.

Os corpos foram sepultados entre a tarde desta segunda e a manhã desta terça (8).


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