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Ex-governadores disputarão segundo turno em eleição no Amazonas

Edmar Barros/Futura Press/Folhapress
MANAUS,AM,06.08.2017:ELEIÇÃO-GOVERNADOR - Candidato Amazonino Mendes (PDT) vota na Secretaria do Estado da Fazenda (SEFAZ), na manhã deste domingo (6), em Manaus (AM), durante 1º turno da Eleição Suplementar para Governador do Amazonas determinada pelo TSE após a cassação do Governador José Melo.
Candidato Amazonino Mendes (PDT) vota na Secretaria do Estado da Fazenda, em Manaus

Em eleição marcada pelo aumento de votos nulos e abstenção e pela falta de renovação política, os ex-governadores Amazonino Mendes (PDT), 77, e Eduardo Braga (PMDB), 56, disputarão o segundo turno da eleição complementar estadual no Amazonas.

Com 94,5% das urnas apuradas pelo TRE até as 19h locais, Amazonino obteve 39,1% dos votos válidos, contra 24,5% para o peemedebista. O segundo turno será realizado em três semanas. O vencedor exercerá um mandato-tampão de 14 meses.

A soma dos votos nulos (14,4%) e brancos (3,9%) chegou a 16,3%. No primeiro turno de 2014, esse percentual foi de 8,3%.

A abstenção chegou a 24%, também maior do que a registrado no primeiro turno de 2014 (19,5%).

A ex-deputada Rebecca Garcia (PP) foi a terceira mais votada, com 18,1%. O petista José Ricardo obteve 12,5% e ficou em quarto entre nove candidatos.

A jornada de votação transcorreu apenas com incidentes isolados, segundo o TRE.

Resultados no AM - Votos válidos no 1º turno

VETERANOS E EX-ALIADOS

Com a soma dos três mandatos de Amazonino e os dois de Braga, os dois governaram o Estado por 20 anos desde 1987, quando o pedetista venceu pela primeira vez.

Companheiros de palanque em em algumas eleições do passado, os dois caciques também colecionam diversas denúncias de irregularidades.

Amazonino esteve envolvido, entre outros escândalos, no esquema de compra de votos para aprovar a emenda da reeleição, revelado pela Folha em 1997. Ele não foi investigado pelo caso.

Principal nome do PMDB no Amazonas, Braga responde a inquérito da Operação Lava Jato e é citado na denúncia apresentada pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, envolvendo propinas da JBS, embora não tenha sido acusado formalmente.

Ambos negam todas as acusações.

A eleição complementar foi convocada há três meses, após o TSE cassar o então governador, José Melo (Pros) e o seu vice, Henrique Oliveira (Solidariedade), por desvio de dinheiro público para a compra de votos em 2014.

O primeiro turno custou R$ 23 milhões aos cofres públicos, segundo o TRE. Desse total, cerca de R$ 6,5 milhões foram usados para o deslocamento de 4.400 militares, dos quais 3.701 do Exército.

Para o segundo turno, o orçamento é de R$ 9,5 milhões, sempre de acordo com o TRE.

MENDES

Em visita a Manaus, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, defendeu a realização da eleição complementar no Amazonas, apesar do curto tempo de mandato do próximo governador.

"Havia esse jogo de que se podia impugnar o candidato vencedor porque a vitória ficaria no colo do segundo lugar. Isso era uma certa fraude à vontade do eleitor", afirmou, durante entrevista coletiva na tarde deste domingo (6).

"Ao invés de anularmos as eleições e chamarmos o segundo lugar ou de estarmos discutindo uma eleição indireta, que também dá traumas para a democracia, estamos realizando uma eleição direta com a participação de todo o povo amazonense", completou.

Ele disse não ver semelhança entre o Amazonas, onde o TSE cassou tanto o governador quanto vice, e a absolvição do presidente Michel Temer no processo de cassação da da chapa formada por ele e Dilma Rousseff em 2014.

"A diferença é que, no caso da chapa Dilma-Temer, não houve cassação da presidente Dilma, simplesmente se julgou improcedente a ação de impugnação", disse, ao ser questionado pela Folha.

"Em relação ao caso do Amazonas, o TSE acolheu o juízo que já havia sido determinado pelo TRE no sentido da cassação dos mandatos", completou.


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