Folha de S. Paulo


Agência Lupa: deputados usaram dados equivocados durante votação

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 02-08-2017, 19h00: Sessão da câmara dos deputados destinada inicia a votação da admissibilidade da investigação contra o presidente Michel Temer no plenário. O presidente da câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) preside a sessão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Câmara dos deputados durante votação que barrou denúncia de corrupção feita contra Michel Temer

Em sessão sobre o destino de Michel Temer, deputados pediram a palavra e usaram diversos dados equivocados. Confira.

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"Não são só os deputados do governo que têm recebido recursos para beneficiar suas cidades, não" - Carlos Henrique Gaguim (Pode-TO)

VERDADEIRO, MAS Segundo a ONG Contas Abertas, apenas 48 dos 513 deputados federais não tiveram emendas parlamentares empenhadas pelo governo ao longo deste ano. Entre aqueles que mais recursos obtiveram, no entanto, a maioria é da base governista. Dos 17 deputados que conseguiram mais de R$ 10 milhões desde junho –época em que a Câmara recebeu a denúncia contra o presidente Michel Temer–, apenas dois são da oposição: Alice Portugal (PCdoB-BA) e Assis do Couto (PDT-PR).

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"Na votação do impeachment de Dilma Rousseff, foi gasto mais do que o dobro de emendas empenhadas para tentar cooptar deputados" - Arthur Lira (PP-AL)

FALSO Levantamento feito pelo Contas Abertas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) mostra que entre dezembro de 2015, quando o então presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de impeachment da presidente, e abril de 2016, quando a Casa se posicionou de forma favorável ao afastamento dela, foi empenhado um total de R$ 1,1 bilhão em emendas parlamentares, incluindo o destinado para deputados federais e senadores. Desde junho deste ano, quando a Câmara recebeu a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer (PMDB), foram empenhados R$ 4,1 bilhões.

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"O povo não está tão contrário ao presidente Temer" - Júlio Lopes (PP-RJ)

FALSO Pesquisa divulgada pelo Datafolha em 24 de junho mostrou que a aprovação do governo Temer era de apenas 7% –o menor índice desde 1989, quando o então presidente José Sarney tinha 5% de popularidade e enfrentava a crise da hiperinflação. A pesquisa também mostrou que o índice estava em queda desde julho de 2016, quando Temer era bem avaliado como "ótimo" ou "bom" por 14% dos entrevistados. No sentido oposto, cresceu a curva dos que consideravam o governo "ruim e péssimo". Há um ano, esse grupo representava 31% dos entrevistados. Ao fim de junho, 69%. Pesquisas do Ibope também refletem a desaprovação. Segundo avaliação publicada em 18 de julho, a popularidade de Temer apresentou forte queda desde março. A administração é considerada ruim ou péssima por 70% dos entrevistados, 15 pontos percentuais a mais do que em março.

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"Doze ministros-deputados voltaram correndo para o Congresso [para votar]" - Ivan Valente (PSOL-SP)

EXAGERADO A votação da denúncia contra Temer contou com a participação de dez ministros-deputados. Não participaram da sessão os ministros da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), e da Defesa, Raul Jungmann (PPS-PE).

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"O presidente Michel Temer pegou (...) um país com 14 milhões de desempregados" - Baleia Rossi (PMDB-SP)

EXAGERADO Dados do IBGE mostram que, no primeiro trimestre de 2016, pouco antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o Brasil tinha 11 milhões de desempregados. De lá para cá, o número cresceu. No primeiro trimestre deste ano, o país tinha 14 milhões de pessoas desocupadas.

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"Na PEC do Teto (...) nosso [do PSDB] comprometimento [com as reformas] foi maior do que o do próprio PMDB" - Ricardo Tripoli (PSDB-SP)

FALSO Na sessão plenária de 26 de outubro de 2016, quando a Câmara fez o segundo turno de votações sobre a PEC do Teto, o PSDB tinha 46 deputados na Casa –todos votaram a favor da proposta. O PMDB, por sua vez, tinha 64 representantes. Todos também apoiaram a emenda.


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