Folha de S. Paulo


Defesa de Lula protocola primeiro recurso contra sentença

Miguel Schincariol - 13.jul.17/AFP
Former Brazilian president Luiz Inacio Lula Da Silva (C) speaks during a press conference in Sao Paulo, Brazil, July 13, 2017. Brazil's former president Luiz Inacio Lula da Silva was sentenced to nearly 10 years in prison for graft in a stark fall from grace for the iconic leftist leader. Lula, who ruled Brazil from 2003-2010, was convicted and handed a 9.5-year prison term on Wednesday for accepting a luxury seaside apartment and $1.1 million, the latest twist in a giant corruption probe engulfing Latin America's largest economy. / AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL
Ex-presidente Lula durante pronunciamento em São Paulo no dia 13 de julho

Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolaram, na noite desta sexta-feira (14), o primeiro recurso contra a sentença que o condenou na Operação Lava Jato.

Os embargos de declaração pretendem esclarecer "contradições, omissões e obscuridades na sentença", segundo os defensores Cristiano Zanin Martins, Roberto Teixeira, José Roberto Batochio e Valeska Teixeira Martins.

Com o recurso, o prazo para apelar ao Tribunal Regional Federal -que analisa o caso em segunda instância e cuja decisão pode levar à inelegibilidade de Lula fica suspenso. O juiz Sergio Moro não tem prazo para decidir sobre os embargos.

A defesa do petista reclama da "ausência de imparcialidade de Moro" e questiona a desqualificação de testemunhas que corroboram a tese defensiva, assim como acusam o juiz de "desrespeito" ao ex-presidente.

"Denota-se uma análise completamente subvertida sobre os elementos de prova, evidentemente seletivo em favor da tese acusatória", escrevem.

DELATORES

"Qual o critério para se dar total credibilidade a um coacusado buscando redução de pena [o executivo Leo Pinheiro, da OAS] e se descartar a veracidade de um ex-presidente da Petrobras [Sergio Gabrielli, que depôs como testemunha de defesa]?", questionam os advogados.

Segundo os defensores, Moro cita por 18 vezes o depoimento de Pinheiro, que atribuiu os investimentos feitos pela OAS no tríplex do Guarujá (SP) a um acerto de corrupção.

Para eles, isso é "desproporcional", levando em consideração a credibilidade do empresário, que negocia um acordo de delação premiada.

Os advogados afirmam que a sentença "desprezou" os depoimentos favoráveis a Lula. Voltam a destacar que o petista jamais teve a propriedade do tríplex, pelo qual foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

Eles afirmam que a denúncia criou um "caixa imaginário de propinas", e que esse caixa não poderia ter pago por um apartamento que acabou financiado de forma legítima. Para a defesa, o juiz se "omitiu" ao ignorar provas da defesa de que o apartamento ainda está em nome da OAS.

A defesa ainda questiona o uso de reportagens jornalísticas para fundamentar a sentença, e dizem que não é possível atribuir a elas valor probatório, pois não são consideradas indícios da prática de um crime.

Os embargos serão avaliados pelo próprio Moro, sem prazo determinado. Outras defesas, bem como o Ministério Público Federal, ainda podem propor o mesmo recurso.


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