Folha de S. Paulo


Manifestantes contra e a favor da condenação de Lula vão à av. Paulista

"Esses caras aí têm bandido de estimação", reclama um pedestre na avenida Paulista, surpreendido no início da noite desta quarta (12) por um protesto contra a condenação em primeira instância do ex-presidente Lula.

Do outro lado da via, que teve pedaço em frente ao Masp fechado pela PM, cerca de 200 pessoas se reúnem em frente a um carro de som montado pelo PT e movimentos de esquerda. No alto, discursa Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

"Acabei de falar no telefone com o presidente Lula. É absolutamente escandaloso o que se consumou hoje", começa Boulos.

Segundo ele, o juiz Sergio Moro "se comportou como um promotor desde o princípio". "Foi uma farsa judicial. Mesma coisa que um juiz vestir a camisa de um dos times."

Boulos afirma que "querem tirar o Lula das eleições no tapetão". "Hoje condenaram o Lula e ontem o Aécio Neves estava no Senado votando para tirar o direito dos trabalhadores", diz, ovacionado pelos presentes.

Também se encontram no carro, entre outros, Vagner Freitas, presidente da CUT; Eleonora Menicucci, ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff; Luiz Marinho, presidente do diretório estadual do PT; Marianna Dias, presidente da UNE; e o vereador petista Paulo Fiorilo.

FESTA NA FIESP

A alguns metros dali, em frente à Fiesp, palco dos protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, cerca de 50 pessoas comemoram a condenação de Lula.

Munidos com bandeiras do Brasil, pixulecos e cartazes com fotos do juiz Sergio Moro e inscrições como "Lula na cadeia", "Fim do foro privilegiado" e "2018 vamos dedetizar o congresso", o grupo solta fogos e incentiva os motoristas a buzinarem.

Um carro estacionado na calçada completa o ato tocando o Hino Nacional e o "Tema da vitória", canção que marcou as vitórias do piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna.

Mais cedo, o Vem pra Rua, um dos principais movimentos que pressionaram pelo impeachment de Dilma, convocou as redes para o ato desta quarta. "Fizemos a chamada porque achamos que hoje foi um dia muito importante para a Justiça", diz Rogerio Chequer, líder do grupo e colunista da Folha.

"Mas é só uma etapa no processo, agora precisamos vigiar a TRF-4 [segunda instância, para onde o caso de Lula deve ser levado]."

'CRONOGRAMA POLÍTICO'

No fim da tarde, o presidente do diretório estadual do PT (SP), Luiz Marinho, duvidava que a direita fosse aparecer para protestar na Paulista. "Vamos ver se dessa vez aparecem", disse ele.

Para Marinho, a decisão do juiz Sergio Moro acompanha o cronograma da crise política em que se encontra o presidente Michel Temer.

"A decisão não é surpresa, mas não pelo que está no processo. Sempre que há algum acontecimento novo na conjuntura política, tem alguma novidade do Moro na Lava Jato", disse à Folha.

Marinho ressaltou que a condenação de Lula acontece "justo no dia em que a Comissão de Constituição e Justiça começa a analisar a denúncia contra Temer".

"Manifestamos nosso repúdio porque o intuito parece ser tirar Lula das próximas eleições. É uma fraude eleitoral. Estamos convictos que as instâncias superiores vão corrigir esse erro brutal", continuou o presidente do diretório.


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