Folha de S. Paulo


'É mentira que o presidente tenha recebido um vintém', diz Mariz

O advogado do presidente Michel Temer, Antonio Claudio Mariz, afirmou que "é mentira que o presidente da República tenha recebido um vintém".

Em sustentação oral na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na Câmara nesta segunda-feira (10), o advogado também afirmou que "não há nem materialidade no que tange a esta acusação de recebimento."

Pedro Ladeira/Folhapress
Sergio Zveiter (relator) e o advogado Antônio Mariz (à dir.) durante leitura do parecer sobre denúncia contra Temer na CCJ da Câmara
Zveiter (relator) e o advogado Antonio Mariz (à dir.) durante leitura do parecer sobre denúncia na CCJ

A fala foi feita após a apresentação de parecer do relator Sergio Zveiter (PMDB-RJ) pela admissibilidade da denúncia contra o presidente.

O advogado criticou a delação premiada e o princípio "in dubio pro societate" (na dúvida, decide-se a favor da sociedade), usado pelo relator para pedir a aceitação da denúncia.

"Eu não aceito o in dubio pro societate, como não deveria aceitar nenhum daqueles que tenha sido vítima de uma acusação injusta", afirmou.

"Não há sociedade nenhuma que tenha o direito de achincalhar, de colocar na cadeia, senão fisicamente, na cadeia a honra ou a dignidade de alguém."

Mariz voltou a atacar as gravações do empresário Joesley Batista, reforçando a tese de adulteração do áudio. Apesar disso, porém, disse que o conteúdo do áudio não é comprometedor para o presidente. "Crime de corrupção deve contar com três elementos e nenhum está presente nem na ficção", afirmou.

Segundo ele, Temer não teria "pedido nada", "recebido nada" ou "facilitado nada para ninguém".

Ele criticou ainda a falta de punição dos delatores da JBS.

De acordo com ele, as "benesses" dadas aos delatores da empresa são "um tapa na cara dos brasileiros". "Estes tiveram como pena maior a impunidade absoluta", disse.

Em sua fala, o advogado também citou a governabilidade e a crise econômica como motivos para a rejeição da denúncia. 'Instaurou-se açodadamente um inquérito contra o presidente da República com reflexos seriíssimos na governabilidade, em uma hora em que o país estava procurando entrar nos trilhos econômicos e institucionais."

Após a sustentação, o advogado afirmou que já esperava que o tom do relator fosse duro. "Em sendo pela denúncia, já esperava que fosse duro, para tentar dar sustentação aos seus argumentos", afirmou.

Segundo ele, o voto foi uma "reprodução da denúncia".

Entenda como será o rito da denúncia:

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