Folha de S. Paulo


Alvos do Supremo, Geddel e aliado de Cunha prestam depoimentos

Alan Marques - 27.out.2016/Folhapress
Michel Temer, Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, citados múltiplas vezes em delação
O presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, em evento de 2016

Alvos do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o empresário Altair Alves, tido como emissário ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, foram interrogados nas últimas semanas pela Polícia Federal (PF).

Na pauta, a suposta compra do silêncio de Cunha e seu operador, Lucio Funaro, pela JBS.

Segundo delação do grupo, Cunha e Funaro, presos desde o ano passado, receberam valores com o aval do presidente Michel Temer.

O tema deve ser explorado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para apresentar nova denúncia contra o presidente. Não há prazo para a nova acusação.

Os delegados perguntaram a Geddel e Alves se a "eventual compra do silêncio de Eduardo Cunha e de Lucio Funaro é do conhecimento e tem aval, direto ou indireto, do presidente Michel Temer". Ambos mantiveram-se calados.

À PF, Funaro negou que tenha recebido dinheiro em troca de seu silêncio, mas disse que estranhou movimentações de algumas pessoas tentando sondar se ele acertaria um acordo de delação. Uma delas foi Geddel, segundo o operador.

Ao ex-ministro, os investigadores perguntaram se ele monitorava Cunha e Funaro por conta própria ou a mando de alguém. O operador está na Papuda (DF) desde julho do ano passado.

"O senhor fez alguma visita a Lucio Funaro na prisão? Sobre o que conversaram? Lucio Funaro mandou algum recado da prisão ao Senhor? Que recado?", perguntaram os delegados.

Para Alves, a PF perguntou também sobre visitas na prisão ao ex-deputado, preso em Curitiba.

Com o interrogatório, os investigadores buscam mais elementos além da delação da JBS para juntar ao inquérito. A polícia já concluiu que Temer atuou para embaraçar investigações.

O presidente da República nega e chama a acusação de fictícia.

Os delegados entenderam com base da gravação feita por Joesley Batista no Palácio do Jaburu que a "única interpretação possível" é de que o presidente incentivou a continuação de pagamentos a Cunha para que ele ficasse em silêncio.

Cunha também foi interrogado. Respondeu apenas que não teve seu silêncio comprado, mas pediu para ver todos os documentos do processo antes de se pronunciar.


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