Folha de S. Paulo


Agência Lupa: As contradições de Fernando Henrique Cardoso

Eduardo Knapp/Folhapress
SÃO PAULO, SP, 22.03.2017: FERNANDO-HENRIQUE - Entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que fala sobre o lançamento do 3º volume do seu livro
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

Em artigo publicado no dia 7, ex-presidente muda de posição sobre eleições diretas, apoio do PSDB ao governo e renúncia de Temer.

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"Uma emenda constitucional para antecipar eleições diretas representaria um golpe constitucional"

CONTRADITÓRIO No texto, o ex-presidente discutia cenários caso o TSE determinasse a cassação da chapa Dilma-Temer. FHC escreveu que a opção pela eleição direta seria golpe e a classificou como "inconsequente". No entanto, em entrevista a Mário Sérgio Conti em dezembro de 2016, ele comparou o governo Temer a uma "pinguela" [ponte frágil] e disse que, se o atual governo caísse, seria "preciso logo fazer uma emenda ao Congresso para a eleição direta porque eu não vejo como alguém novo, sem ter o leme na mão, legitimidade, vai fazer".

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"É preciso dar uma oportunidade de reflexão e, quem sabe, de revigoramento, a quem está no governo"

CONTRADITÓRIO Em 18 de maio, um dia depois de o jornal "O Globo" divulgar o conteúdo da delação da JBS e as acusações feitas contra o presidente Michel Temer, FHC postou em seu Facebook um texto que dizia que "se as alegações de defesa não forem convincentes, e não basta argumentar que são necessárias evidências, os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia". Alguns dias depois, à Rádio Bandeirantes, ele disse que não havia motivos para Temer renunciar. "Quando o presidente falou, e eu também quando escrevi, não tinha conhecimento da gravação. Eu não creio que a gravação seja suficientemente forte para levar à destituição de um presidente".

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"O PSDB não apelou 'ao muro' [ao permanecer no governo], mas à prudência de um tempo maior para que todos, colocando interesses partidários e pessoais em segundo plano, possamos responder com desprendimento: o que é melhor para o Brasil?"

CONTRADITÓRIO Um dia depois do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, no ano passado, FHC disse a "O Globo" que "[O PSDB] tem que entrar para o governo com a disposição de sair. Não é entrar para ficar. O governo tem que cumprir certas funções". Depois, em maio de 2016, a "O Estado de S.Paulo" disse que "se o governo for para um caminho que achamos errado, então o PSDB sai". Um ano mais tarde, em maio de 2017, o ex-presidente disse à BBC que seu partido não tinha que reavaliar sua posição no governo e completou: "O PSDB votou a favor do impeachment e ficaria muito feio depois disso dizer 'não brinco mais'. Tem que dar sustentação. (...) O partido tem que ter convicção". Em entrevista à Rede Bandeirantes, em 22 de maio, FHC afirmou que o partido tem responsabilidade com o governo e que seria "oportunismo" sair. Segundo o tucano, a posição do PSDB é de cautela: "Também não é de dizer que não vamos mudar de posição. Depende, depende de como as coisas acontecem".


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