Folha de S. Paulo


Cunha pede para adiar depoimento sobre JBS marcado para esta quarta

Ueslei Marcelino - 12.mar.2016/Reuters
Brazil's Vice President Michel Temer (L) is seen near President of the Chamber of Deputies Eduardo Cunha during the Brazilian Democratic Movement Party (PMDB) national convention in Brasilia, Brazil, March 12, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: BSB01
O presidente Michel Temer e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, delatados pela JBS

Com depoimento marcado para as 11h desta quarta-feira (14) na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no âmbito do inquérito que investiga o presidente Michel Temer, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para adiar a oitiva. Cunha está preso na capital paranaense, condenado em março a 15 anos de prisão.

Segundo delatores da JBS, Cunha recebeu propina na prisão para ficar em silêncio. Os repasses feitos pela JBS tinham o aval de Temer, de acordo com executivos e donos do frigorífico. Tanto Temer como Cunha negam as acusações.

A defesa de Cunha pediu nesta terça (13) ao ministro do STF Edson Fachin, responsável pelo inquérito sobre Temer, para ter acesso a toda a investigação pelo menos 48 horas antes de ele prestar depoimento –o que, na prática, é um pedido de adiamento da oitiva. Fachin ainda não decidiu sobre o pedido.

Rodrigo Sánchez Rios, advogado de Cunha, afirmou à Folha que o ex-deputado não se nega a falar e está disposto a responder às perguntas, mas, para isso, precisa conhecer todo o teor da investigação. Rios disse que seu cliente não recebeu dinheiro da JBS na prisão.

O presidente foi gravado em março, no Palácio do Jaburu, pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. Na gravação, Temer ouviu de Joesley que ele havia "zerado as pendências" com Cunha, o que sugere a compra do silêncio do ex-deputado, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Joesley disse: "Eu to de bem com o Eduardo." O presidente disse: "É. Tem que manter isso, viu?". Em sua delação, Joesley afirmou ter pago para Cunha R$ 5 milhões após a prisão dele, em outubro do ano passado. O áudio, um dos principais elementos que levaram ao acordo de delação da JBS fechado com a PGR e homologado pelo ministro Fachin, vem sendo questionado pela defesa de Temer, que sustenta que ele foi editado.

A PF realiza perícia na gravação e tem até o início da próxima semana para concluir o inquérito do caso. A suspeita de obstrução da Justiça que recai sobre Temer, devido à suposta compra do silêncio de Cunha, é considerada secundária pela PGR. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prepara denúncia contra o presidente sob acusação de corrupção passiva, relativa ao caso da mala de propina recebida pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).


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