Folha de S. Paulo


Ala jovem do PSDB defende reformas, mas cobra desembarque do governo

Kleber Nunes
Daniel Coelho (PSDB) votou ao lado do filho mais velho, Lucas, em um colégio da zona sul do Recife
Daniel Coelho (PSDB) disse que não se pode tratar Dilma e Temer de maneira diferente

A ala jovem do PSDB da Câmara quer pressionar o partido a desembarcar do governo na semana que vem, após o início do julgamento da chapa Dilma-Temer, na terça-feira (6).

Segundo parlamentares ouvidos pela Folha, a opinião majoritariamente defendida pela ala jovem é a de sair do governo, mas continuar apoiando, em votações, pautas de Temer, como a reforma trabalhista e a da Previdência.

"Nós queremos manter apoio à agenda, principalmente econômica, porque está fazendo bem para o país", afirma o deputado Fábio Sousa (GO). "Mas não precisa ter ministro para isso", diz.

Para Pedro Cunha Lima (PB), primeiro vice-líder do partido na Casa, "está cada vez mais evidente a falta de governabilidade". "Sem isso, deixa ter razão de ser a nossa estada no governo", diz.

O prazo até o julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi dado por lideranças do partido, dizem. Os deputados, no entanto, afirmam que mesmo que haja pedido de vista, devem manter a posição e pressionar por uma decisão.

"Esse foi o prazo que pediram e vamos respeitar e ver como o partido se coloca. Se houver consenso, ótimo", diz Betinho Gomes (PE).

A ala jovem, que é minoritária —cerca de 15 parlamentares, numa bancada de 46—, diz ter o apoio de deputados mais experientes que também defendem a saída da base.

"Para ser justo, não são só os mais novos que pensam assim. Mas acho que a bancada mais jovem entendeu com mais facilidade que a política mudou e que o partido precisa se adaptar também", afirma Sousa.

Na prática, apesar da pressão dos jovens, a decisão fica nas mãos da cúpula do partido.

Parlamentares dizem ainda que há entre deputados que querem o desembarque conversas sobre a possibilidade de deixar a sigla caso o PSDB decida permanecer no governo.

Se o sentimento de alguns dos deputados ouvidos é que a tensão no partido pode escalar após o dia 6, o deputado Daniel Coelho (PE), afirma que a decisão da maioria será respeitada.

Para ele, "não podemos tratar Dilma [Rousseff] e Temer de maneira diferente com situações similares".

Diz, porém, que encontros estão sendo promovidos periodicamente pelo líder do partido na Casa, Ricardo Trípoli (SP), para debater a posição.

Um novo encontro deve acontecer após o TSE. "Não podemos ficar na inércia de não decidir", diz Gomes.


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