Folha de S. Paulo


PT discute proposta de antecipação de eleições para 2017

Ueslei Marcelino /Folhapress
O presidente Michel Temer
O presidente Michel Temer

Diante da incerteza provocada pela crise política, o PT começa a discutir na semana que vem a ideia de antecipar as eleições de 2018 para 2017 caso o presidente Michel Temer perca o cargo.

A proposta é uma alternativa à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece eleições indiretas para um mandato-tampão, alvo de resistência de governistas.

A ideia, ainda embrionária, será levada à reunião da bancada petista na Câmara na terça-feira (30). Se aprovada pelos deputados, será debatida no congresso do partido nas próximas quinta, sexta e sábado (1º, 2 e 3 de junho).

A ideia discutida pelos petistas é de estabelecer um mandato de até cinco anos para o presidente eleito nestas eventuais eleições antecipadas.

"A situação está indo para um ponto onde, talvez, tenhamos que evoluir para eleições gerais", afirmou à Folha o líder do PT, Carlos Zarattini (SP).

O PT tem defendido a realização de eleições diretas e a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) apresentada pelo deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) no ano passado.

A PEC diz que, em caso de vacância do cargo de presidente em até seis meses do fim do mandato, novas eleições diretas sejam convocadas no país.

O texto é uma proposta de mudança à Constituição, que atualmente diz que, em caso de queda do presidente tendo decorrido pelo menos dois anos do mandato, o próximo ocupante deve ser escolhido por eleições indiretas, ou seja, pelo Parlamento.

A proposta enfrenta resistência dos governistas, que preferem as indiretas.

"Na medida em que a gente apresenta uma solução maior [a antecipação das eleições], tem chances de ter apoio maior [que a PEC das diretas]", afirmou o líder petista.

Como a Folha mostrou nesta quinta (25), o PT já avalia como irá agir no pleito indireto que a Constituição determina caso Temer saia do cargo.

A reportagem apurou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o partido a negociar o apoio ao processo indireto, o que só mudará se os protestos de rua pró-diretas ganharem corpo, deixando a circunscrição dos sindicatos e movimentos à esquerda.

As condições básicas do partido para apoiar quem quer que seja são, segundo o líder, a suspensão das reformas trabalhista e da Previdência, a reabertura do debate sobre elas, a realização de uma reforma política "democrática", sem financiamento privado.

Integrantes do PT têm conversado inclusive com tucanos sobre a sucessão.

A Folha também mostrou nesta quinta que as articulações para a substituição de Temer evoluíram nas três principais forças políticas do país -PMDB, PSDB e PT- e agora envolvem diretamente três ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney.

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