Folha de S. Paulo


Michel Temer demite assessor preso em operação da Polícia Federal

O presidente Michel Temer demitiu nesta terça-feira (23) seu assessor especial Tadeu Filippelli, preso na Operação Panatenaico, que investiga um esquema de corrupção nas obras do estádio Mané Garrincha.

Temer assinou o ato de exoneração de Filippelli assim que chegou ao Palácio do Planalto, pela manhã, e enviou o documento à Casa Civil. A demissão deve ser publicada no Diário Oficial de quarta-feira (24).

Filippelli é presidente do PMDB-DF e divide o cargo com as funções que exerce na Presidência da República. Com gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros da sala de Temer, Filippelli é um dos responsáveis pela interlocução do governo com parlamentares e empresários.

O assessor presidencial conhece Temer há quase 20 anos e costuma representar o peemedebista em eventos do partido. Filippelli é conhecido entre os deputados e senadores como um homem "conciliador", que fala em nome de Temer.

Pedro Ladeira/Folhapress
O assessor especial de Temer, Tadeu Filipelli, chega preso à superintendência da PF em Brasília
O assessor especial de Temer, Tadeu Filipelli, chega preso à superintendência da PF em Brasília

Apesar de ressaltarem que as acusações que pesam sobre o ex-vice-governador sejam anteriores a sua nomeação como assessor de Temer, auxiliares do presidente admitem que a prisão representa mais um fator de desgaste para a imagem do presidente neste momento de crise.

Aliados destacam, reservadamente, que Filippelli gozava de confiança do presidente, tinha acesso livre a seu gabinete e soma-se a uma série de outros personagens que cercavam Temer e foram alvejados por suspeitas de corrupção. Por esses motivos, a prisão "respinga" e deteriora a imagem de Temer, que ficou em xeque após as acusações feitas contra o presidente na delação da JBS.

Nos últimos dias, Filippelli recusou-se a entrar em uma reunião que havia marcado com Temer porque o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) também estava presente. Disse ao presidente que "respeita" o ministro responsável pela articulação política do Planalto, mas que, como integrante do PSDB, Imbassahy não poderia ficar ciente de todos os assuntos com importância estratégica para o PMDB, partido de Temer.

Filippelli integrava um grupo de cinco assessores especiais escolhidos por Temer, no início de seu governo. Além dele, eram conselheiros próximos do presidente Rodrigo Rocha Loures, José Yunes, Sandro Mabel e Gastão Toledo.

Desses cinco assessores, quatro foram citados em investigações de corrupção. Rocha Loures foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviada pela JBS, depois que havia deixado o Planalto para assumir o mandato de deputado. Yunes pediu demissão em dezembro, quando um ex-executivo da Odebrecht disse que ele recebeu em seu escritório dinheiro pedido pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mabel foi acusado por outro delator de ter pedido dinheiro para aprovar uma emenda a uma medida provisória em 2004.

Destes, restam no gabinete apenas Mabel, que auxilia Temer na interlocução com parlamentares e empresários, e Gastão Toledo, que é conselheiro jurídico do presidente.

O advogado de Tadeu Filippelli, Alexandre Queiroz, afirmou que teve acesso a parte dos autos da operação e que pedirá para que seu cliente seja solto à medida que as diligências já cumpridas pela PF.


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