Folha de S. Paulo


Edson Fachin autoriza abertura de inquérito contra Michel Temer

O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a abertura de inquérito para apurar se o presidente Michel Temer cometeu crime de obstrução à Justiça com base na delação premiada dos irmãos Batista, do grupo JBS.

Os empresários Wesley e Joesley Batista entregaram aos procuradores uma gravação em que, segundo a Procuradoria-Geral da República, o presidente dá aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.

Na conversa, Joesley diz que havia "zerado as pendências" com Cunha e estava "de bem" com o ex-deputado, ao que o presidente responde "Tem que manter isso, viu?".

Pedro Ladeira - 14.fev.2017/Folhapress
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato

Segundo a Folha apurou, ainda em abril, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez consultas ao ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no (STF) Supremo Tribunal Federal, sobre a possibilidade de investigar Temer.

O ministro Edson Fachin homologou a delação premiada de Joesley Batista e dos demais executivos da JBS. A assessoria do STF confirmou a homologação da delação, mas não informou em que data isso ocorreu.

Além de Temer, o ministro também autorizou a abertura de um novo inquérito para investigar o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). O sigilo foi levantado nesta quinta (18). O material foi enviado para a Polícia Federal cumprir diligências.

TEMER QUER ACESSO A ÍNTEGRA DE ÁUDIOS

O presidente Michel Temer entrou nesta quinta-feira (18) com um requerimento no STF para pedir ao ministro Edson Fachin acesso à íntegra dos áudios da delação da JBS.

Segundo a Folha apurou, o presidente avalia que sua situação no cargo é "muito delicada", mas só quer se pronunciar oficialmente depois que tiver conhecimento das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista.

Temer espera a íntegra dos áudios para fechar um discurso que deve fazer ainda nesta quinta. Uma reunião foi convocada para às 16h para discutir o teor final do pronunciamento.

A aliados, o presidente diz que não tem a intenção de renunciar a seu mandato, admite que se reuniu com Joesley no início de março e que ouviu do empresário que ele estava pagando o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).


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