Folha de S. Paulo


Dinheiro de caixa 2 foi entregue na casa de Lindbergh Farias, diz delatora

Delação de Mônica Moura - Vídeo 16

Em sua delação premiada, a empresária Mônica Moura disse que o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) pagou R$ 400 mil reais via caixa 2 por uma série de inserções de TV que seu marido, João Santana, produziu para o PT do Rio em 2013. Metade desse valor teria sido pago dentro da casa de Farias, no Leblon.

Farias convidou Santana para produzir os vídeos para a propaganda partidária do PT na TV em 2013. Ele buscava a candidatura ao governo estadual no ano seguinte e queria fortalecer seu nome. Assim, fez um acordo com o partido para ser a figura principal dos programas.

"Conversei com um assessor dele [Farias], chamado Fausto. O orçamento era de R$ 600 mil. Ele disse que o PT do Rio não tinha como pagar esse valor todo e perguntou se eu aceitava receber parte por fora", disse Moura.

O acerto feito entre os dois previu o pagamento de R$ 200 mil de forma oficial e mais R$ 400 mil a serem custeados pela empreiteira OAS.

Evaristo Sa/AFP
Senator Lindbergh Farias, from Workers Party (PT), speaks during the Senate impeachment trial of Brazilian suspended President Dilma Rousseff at the National Congress in Brasilia on August 25, 2016. The impeachment trial of Brazil's first woman president, Dilma Rousseff, got underway Thursday with high expectations that the suspended leader of Latin America's biggest economy will be sacked within days. / AFP PHOTO / EVARISTO SA ORG XMIT: ESA384
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ)

"Fui procurada por um assessor do Léo Pinheiro, um rapaz chamado Mateus Coutinho, e combinamos a entrega desse dinheiro. Teve duas entregas, de R$ 200 mil cada uma, as duas feitas pelo Mateus. Uma delas foi em um hotel que eu estava hospedada, em Santa Teresa. A outra, a gente foi fazer uma gravação com o Lindbergh na casa dele, no Leblon. Lá ele [Mateus] foi, chegou, fomos pra um canto e ele me entregou um pacotinho. R$ 200 mil reais", relatou Moura.

De acordo com ela, as duas entregas foram feitos num intervalo de dez dias. Parte dos pagamentos pelos serviços, como motoristas, câmeras e iluminação, foi feita sem nota fiscal.

Farias disputou a eleição para governador do Rio em 2014, mas teve 10% dos votos e não foi ao segundo turno, vencido por Luiz Fernando Pezão (PMDB). Santana declinou o convite para assumir essa campanha para cuidar da reeleição de Dilma.

A DELAÇÃO DO CASAL - Acusações de João Santana e Mônica Moura ao Ministério Público Federal

OUTRO LADO

"São fantasiosas e inadmissíveis as afirmações de Monica Moura. Ela está mentindo para obter benefícios. Os pagamentos das minhas campanhas sempre foram feitos licitamente e aprovados pela Justiça Eleitoral. Como das outras vezes, tenho convicção de que o arquivamento é o único desfecho possível", disse Farias, por meio de assessoria.

A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou, por meio de uma publicação em seu site nesta sexta-feira (12), que as delações de João Santana e Mônica Moura são mentirosas e que o objetivo do casal é conseguir redução de pena a partir de versões "falsas e fantasiosas".


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