Folha de S. Paulo


Manifestantes se dispersam após chegada de Lula ao prédio da Justiça

Após a entrada de Lula no prédio da Justiça Federal em Curitiba, manifestantes que apoiavam o ex-presidente se dispersaram.

A ideia era que Lula chegasse "embalado pelos braços do povo", diziam os petistas.

Esmagado é um termo mais apropriado para descrever a caminhada de menos de 50 metros que o ex-presidente fez do Corolla preto blindado até a barreira policial que separava público do prédio da Justiça Federal em Curitiba.

Lá dentro, o juiz Sergio Moro aguardava o primeiro encontro dos dois. Fora, dezenas de simpatizantes esperavam Lula para "um abraço", segundo o líder do MST, João Pedro Stédile.

O ex-presidente saiu de um escritório de advocacia até as imediações do fórum, num trajeto que lhe tomou oito minutos. Com Stédile e o senador Lindbergh Farias, um cordão humano o recepcionou, mas não foi forte o bastante para controlar a massa.

Outros aliados estavam presentes: a senadora Gleise Hoffman e o dirigente do Instituto Lula Paulo Okamotto.

"Não vou falar" foram as primeiras palavras que saíram de sua boca. As últimas, em tom de lamento: "Estou com pouco tempo", ao encontrar Lindbergh e Gleisi.

Deu risada em alguns momentos, como ao quase cair no meio da confusão. Tremulou uma bandeira do Brasil entregue por um apoiador.

Na fileira de trás, um manifestante reclamava do empurra-empurra ("amor demais machuca!"). Outra perdeu o óculos: "Como vou vê-lo agora?".

Questionado pela Folha sobre sua expectativa para o julgamento, Lula só balançou a cabeça negativamente. Passou pela cerca, para um ponto onde a PM não deixava ninguém passar, e embarcou em outro carro. Antes, deu tchauzinho para o público.

Nem todos no metro quadrado eram admiradores. Num condomínio a poucos metros do fórum, moradores gritavam "Lula ladrão!" para a manifestação.

Em coro, a resposta: "Lula ladrão, roubou meu coração!". Também revidaram com gritos de "ah, mas que piada, bate panela mas quem lava é a empregada!".

"Cada um de nós pode anotar na sua cadernetinha: eu estive no 10 de maio de 2017 no Paraná", diz Stédile, cravando como histórica a data.


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