Folha de S. Paulo


Em dia de depoimento de Lula, Temer defende fim de 'embate permanente'

Eduardo Anizelli/Folhapress
Temer pregou a necessidade de
Temer pregou a necessidade de "pacificação nacional" em discurso nesta quarta (10)

No dia do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro, o presidente Michel Temer defendeu que o país não pode ficar em um "embate permanente" e que é preciso eliminar a "raivosidade" da consciência nacional.

Em discurso durante assinatura de decreto de política portuária, no Palácio do Planalto, o peemedebista pregou a necessidade de "pacificação nacional" e que, embora tenham disputas no país, elas não podem ter agressões verbais ou físicas.

Nesta quarta-feira (10), o petista foi vaiado na saída do aeroporto de Curitiba, onde prestará depoimento à Justiça Federal. Em um contraponto, movimentos sociais realizam uma marcha na cidade em defesa do ex-presidente.

"Nós precisamos ter mais tranquilidade no país. O país não pode ficar nessa posição de embate permanente, brasileiro contra brasileiro", disse Temer. "É preciso eliminar uma certa raivosidade que muitas vezes permeia a consciência nacional. Nós precisamos de paz, tranquilidade e saber que nada vai impedir que o Brasil continue a trabalhar", acrescentou.

Nos bastidores, assessores e auxiliares presidenciais avaliam que a polarização social criada em torno do depoimento fortalece o discurso do petista de "vitimização", o que pode fortalecê-lo para disputa presidencial de 2018.

A última pesquisa Datafolha mostrou que, embora seja réu no rastro da Operação Lava Jato, o petista aparece como primeiro colocado para a sucessão do ano que vem.

O receio no Palácio do Planalto é que a radicalização do discurso entre militantes de esquerda estimule protestos e manifestações contra o presidente, como os promovidos contra as reformas trabalhista e previdenciária.

O decreto assinado pelo presidente amplia de 50 para até 70 anos o prazo de exploração dos portos brasileiros.

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COMO SERÁ A AUDIÊNCIA - O início está marcado para as 14h; não há previsão para término

O Apartamento

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Os outros réus do tríplex

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Os próximos passos da ação

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Outras investigações contra Lula

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O QUE DIZ A DEFESA DE LULA

> Nega as acusações e diz ser vítima de "lawfare", o uso de leis como "arma para perseguir e destruir um inimigo"

> A família do ex-presidente nunca recebeu as chaves nem ocupou o tríplex. Marisa Letícia havia comprado a partir de 2005 cotas de um apartamento no prédio, à época sob responsabilidade da cooperativa Bancoop, e desistiu do negócio antes de tomar a posse depois que a OAS incorporou o condomínio. Lula só esteve uma vez no local e não concretizou a aquisição do apartamento

> O tríplex é da própria empreiteira, que utiliza o imóvel para obter empréstimos e pagar credores em processo de recuperação judicial

> Sobre o armazenamento de bens, Lula nunca participou da contratação da empresa responsável e que os materiais eram um acervo presidencial, e não objetos privados

> O testemunho de pessoas que negociam delação premiada não é válido


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