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Liberdade a José Dirceu 'surpreende', diz advogado pioneiro em delações

Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress
Ex-ministro José Dirceu, preso na Lava Jato, na chegada ao prédio da Justiça Federal em Curitiba (PR), onde presta depoimento nesta sexta-feira
Ex-ministro José Dirceu, preso na Lava Jato

Advogado pioneiro em delações premiadas no Brasil, Antonio Figueiredo Basto afirmou nesta terça (2) que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de soltar o ex-ministro José Dirceu não deve ser questionada, mas é surpreendente.

"Eu penso que não se discute decisão do Supremo, mas surpreende", disse à Folha, logo após o ministro Gilmar Mendes desempatar a discussão do pedido de liberdade de Dirceu na Segunda Turma da corte.

Além dele, os ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski defenderam a soltura. Celso de Mello e Edson Fachin se manifestaram pela manutenção da prisão preventiva.

"Diante da posição que ele [Dirceu] ocupava dentro da Lava Jato, é surpreendente. Há prova contundente de que ele continuou recebendo [recursos indevidos] mesmo preso."

Figueiredo Basto diz que, apesar da decisão, "não muda nada" em relação ao trabalho de delação com seus clientes.

"Vamos continuar nas colaborações. É fundamental que continuem ocorrendo. As pessoas de bem têm que continuar trabalhando", disse.

Entre os casos de delação que ficaram sob responsabilidade do advogado estão o do doleiro Alberto Youssef e do ex-senador Delcídio do Amaral.

Dirceu, condenado duas vezes em primeira instância pela Lava Jato, está detido preventivamente desde 3 de agosto de 2015 em Curitiba.

Pela manhã, antes da decisão do STF, o Ministério Público Federal ofereceu nova denúncia contra Dirceu, sob acusação do crime de lavagem de dinheiro.


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