Folha de S. Paulo


Lula diz que não aceita 'barganha' de Moro para reduzir testemunhas

Jorge Araújo/Folhapress
SÃO BERNARDO DO CAMPO, SP, 09.04.2017: PT-DIREÇÃO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chega na sede do PT em São Bernardo do Campo, para votar em dirigentes municipais, na manhã deste domingo (09) (Foto: Jorge Araújo/Folhapress)
Lula chega à sede do PT em São Bernardo do Campo para votar na eleição da sigla

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não aceita a "barganha" do juiz Sergio Moro e disse que, se for preciso, "muda para Curitiba" para acompanhar o depoimento de suas 86 testemunhas de defesa na Lava Jato e garantir que todas sejam ouvidas.

Em decisão da semana passada, Moro determinou que o petista acompanhe todas as oitivas das testemunhas apresentadas por sua defesa em uma das ações da Lava Jato de que é alvo. Nesta terça, no entanto, Moro indicou a possibilidade de rever essa exigência caso o número de testemunhas seja reduzido.

"Não tem barganha. Se o juiz Moro fez essa proposta de barganha, para dizer que assim não exigirá minha presença, para mim não tem problema. Se for preciso eu mudo para Curitiba e fico lá o tempo necessário para esperar o julgamento", disse em entrevista ao SBT nesta quarta-feira (26).

Lula disse que, assim como ele não pode determinar a quantidade de pessoas que vão investigá-lo, Moro não pode "cercear" seu direito de levar quantas testemunhas quiser.

"A gente não vai abrir mão de uma testemunha que consideramos importante para esclarecer à opinião pública o que está acontecendo no Brasil."

A defesa de Lula listou 87 nomes -de 86 pessoas, porque um deles estava repetido- para depor ao juiz em uma das ações em que o ex-presidente é réu na Lava Jato.

2018

Lula afirmou também que, "obviamente", na "situação que está", será candidato à Presidência da República em 2018

Se, for impedido pela Justiça de disputar as eleições, diz, "seria melhor eles terem coragem de dizer: 'Vamos dar o segundo golpe neste país'".

"E vou dizer mais. Eu, agora, quero ser candidato", disse o petista em entrevista ao SBT. "É importante. Eu agora quero ser candidato a presidente da República."

Ele disse ainda que vai ter "condições jurídicas" de postular à Presidência – se condenado em segunda instância, o petista, em tese, pode ter a candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa.

"Não há nenhuma razão jurídica para evitar que eu seja." Ao ouvir a afirmação do jornalista Kennedy Alencar que "há uma expectativa de que "Moro provavelmente condene o senhor", Lula o interrompeu: "É você que está dizendo."

Lula disse também que, "sem falta de modéstia", "as pessoas sabem que eu sei, que eu já fiz e que eu posso consertar esse país".

DORIA

Sobre o enfrentamento travado por João Doria (PSDB) e a possibilidade de concorrer contra ele na disputa pelo Planalto, Lula disse que "obviamente que o prefeito de São Paulo quer cinco minutos de glória, que eu responda ele".

"Eu não vou responder porque ele tem obstáculos muito grandes antes de chegar para me enfrentar. Primeiro tem que governar a cidade. Não pense que fazendo pirotecnia, pegando ônibus às 15h... Quero ver pegar ônibus às 18h, pegar metrô às 18h30. Pirotecnia não governa nenhuma cidade pequena, nenhuma cidade grande."

Disse ainda que não viu nenhuma ação de gestão do tucano.

"Você, meu caro, vai ser analisado pelo seu mandato de quatro anos. Então governe. Se você governar e ganhar crédito, você pode dar o salto que quiser."

Ele também criticou as reformas patrocinadas pelo Planalto e disse que, para resolver o problema do país, é preciso "incluir os pobres outra vez no Orçamento."

"E não fazer o que estão fazendo de jogar a culpa da desgraça em cima dos pobres outra vez. Todas as medidas que estão fazendo é para favorecer os ricos."


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