Folha de S. Paulo


Ponho a mão no fogo por Alckmin, diz Doria sobre menção na Lava Jato

Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin e o prefeito da cidade, João Dória, se reúnem na manhã desta segunda-feira (10), para segunda reunião com secretários do Estado e da Capital, no Palácio dos Bandeirantes na zona sul da cidade.
O governador de SP, Geraldo Alckmin e o prefeito da capital paulista, João Doria, ambos do PSDB

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (24) que coloca a "mão no fogo" pelo padrinho político, Geraldo Alckmin, citado por delatores da Odebrecht como um dos políticos que receberam caixa dois em campanhas eleitorais.

Um dos colaboradores da empresa diz que o governador acertou pessoalmente o repasse de R$ 2 milhões em 2010, o que ele nega.

"Ponho a mão no fogo por ele, Geraldo Alckmin, como cidadão, como pai, como amigo e como homem público", disse Doria, na entrada de um jantar de que também participaria o governador.

A fala de Doria acontece três dias depois de o próprio prefeito ter dito que o governador estava "muito constrangido" com a menção ao seu nome feita pelos delatores.

Alçado à prefeitura paulistana em 2016 pelas mãos de Alckmin, Doria vem ganhando exposição como possível candidato ao Planalto pelo PSDB – posto que ele defende publicamente que seja disputado pelo governador.

As apostas em Doria se intensificaram depois de os três principais caciques do partido terem sido mencionados na Operação Lava Jato – além de Alckmin, José Serra e Aécio Neves também são alvo de delatores da
Odebrecht.

Nesta segunda-feira, Doria sugeriu que as menções à possibilidade de caixa dois nas campanhas de Alckmin não o atrapalham na postulação.

"O governador terá oportunidade de ampla defesa. Sempre pautou sua vida política e pessoal de forma modesta, de forma sincera. E pautou sua vida pública também de forma muito correta. Tenho muita convicção de que saberá fazer sua defesa e será absolutamente isentado de qualquer culpa ou qualquer situação que o implique na Lava Jato."

Doria repetiu que Alckmin é o "candidato natural" do partido ao Planalto, mas agradeceu aos tucanos Marconi Perillo, governador de Goiás, e Nelson Marchezan, prefeito de Porto Alegre, que fizeram acenos em direção a sua candidatura.

"Foram gestos de gentileza. A vantagem de ter amigos é que eles são generosos."

CLIMÃO

No jantar, uma confusão acabou colocando Alckmin e Doria em saia justa.

A previsão da organização era a de que o governador falasse depois de Doria e de Fernando Henrique Cardoso, fazendo o último discurso brasileiro do jantar, antes do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy – o jantar encerrou a primeira edição do Fórum Brasil-Espanha.

Por um lapso, no entanto, o governador acabou não sendo chamado a falar, e Doria fez a principal fala como "anfitrião" dos espanhóis no encontro – que foi fechado à imprensa.

Na saída, Alckmin demonstrou bom humor. "Pelo menos poupei o discurso." Doria também brincou. "Não tenho nada com isso, pelo amor de Deus. Não me ponham nessa fria."


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