Folha de S. Paulo


FHC nega articulação com Temer e Lula para estancar Lava Jato

Eduardo Anizelli - 25.abr.2016/Folhapress
Fernando Henrique Cardoso na sede de seu instituto, em SP
Fernando Henrique Cardoso na sede de seu instituto, em SP

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negou neste domingo (16), em sua conta numa rede social, que integre articulação com o presidente Michel Temer e o ex-presidente Lula para "estancar ou amortecer os efeitos das investigações da Operação Lava Jato".

Reportagem da Folha publicada na quinta-feira (13) informou que os três articulam um pacto pela sobrevivência política em 2018 e que emissários começaram a costurar o acordo em novembro passado.

A reportagem ouviu de pessoas relacionadas às três partes a avaliação de que a Lava Jato quer enfraquecer a classe política e abrir espaço para um novo projeto de poder, capitaneado, por exemplo, por integrantes da investigação da Lava Jato possivelmente interessados em disputar eleições.

"Não participei e não participo de qualquer articulação com o presidente Temer e com o ex-presidente Lula para estancar ou amortecer os efeitos das investigações da Operação Lava Jato. Qualquer informação ou insinuação em contrário é mentirosa", disse o ex-presidente.

FHC diz que conversar em torno da situação do país é diferente de fazer acordos velados. "O diálogo em torno do interesse nacional é o oposto de conchavos. Deve ser feito às claras com o propósito de refundar as bases morais da política", diz o ex-presidente.

Em seu texto, o ex-presidente diz que considera que o país vive uma crise gravíssima com desdobramentos econômicos e sociais imprevisíveis. "Esta situação afeta os brasileiros preocupados com a democracia. Diante do desmoronamento da ordem político partidária e das distorções do sistema eleitoral é urgente um diálogo envolvendo o mundo político e a sociedade."

"As investigações em curso devem prosseguir. De seus desdobramentos nada tenho a temer. Basta ouvir a íntegra das declarações de Emilio Odebrecht em seu depoimento ao Judiciário para comprovar que nelas não há referência a qualquer ilicitude por mim praticada nas campanhas presidenciais de 1994 e 1998", disse.

O patriarca do grupo, Emílio Odebrecht, relatou em seu acordo de delação premiada o "pagamento de vantagens indevidas, não contabilizadas, no âmbito da campanha eleitoral de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República, nos anos de 1993 e 1997".

A Folha mantém as informações de sua reportagem.


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