Folha de S. Paulo


Assessor de Palocci sacava até R$ 1 milhão em dinheiro vivo, diz delator

Rodolfo Buhrer/Reuters
Antonio Palocci (front), former finance minister and presidential chief of staff in recent Workers Party (PT) governments, is escorted by federal police officers as he leaves the Institute of Forensic Science in Curitiba, Brazil, September 26, 2016. REUTERS/Rodolfo Buhrer ORG XMIT: BRA103
O ex-ministro Antonio Palocci

Em depoimento ao juiz Sergio Moro tornado público nesta quarta (12), o delator Fernando Migliaccio, que gerenciava o pagamento de propinas pela Odebrecht, afirmou que um assessor do ex-ministro Antonio Palocci fazia saques de até R$ 1 milhão em dinheiro vivo no seu escritório.

"Ele ia na minha sala, abria a mochila... E eu entregava em espécie. Foram tantas vezes que eu não posso precisar, mas nunca menos de um milhão [de reais]", afirmou Migliaccio. "Dependendo das notas, cabe até uns R$ 2 ou 3 milhões numa mochila."

O assessor, Branislav Kontic, preso na Operação Lava Jato, fazia os saques por ordem de Palocci, segundo relataram Migliaccio e outros delatores da Odebrecht.

Operação Lava Jato

Os pagamentos eram descontados do saldo que o ex-ministro tinha junto à empreiteira, relatado na planilha "Programa Especial Italiano", assim como de um saldo do ex-presidente Lula, apelidado de "Amigo" nessa mesma planilha.

O destino dos valores, porém, é desconhecido dos delatores.

"O que saía do Programa B [como eram chamados os saques de Kontic] era basicamente em espécie. Então, eu não posso afirmar para onde é que ia", disse o herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht. "Tinha saques em espécie que Palocci pedia para eu descontar do saldo 'Amigo'. Mas não tenho como comprovar [que os valores foram para o petista]."

Segundo Marcelo, as propinas eram uma forma de manter um "relacionamento" com o PT e a Presidência, na época comandada pelo partido.

Em troca, Palocci atuava como um interlocutor da Odebrecht com o governo federal, e intercedia em favor da empresa em determinadas situações.

OUTRO LADO

O advogado de Branislav Kontic, José Roberto Batochio, afirmou que o assessor prestará depoimento na semana que vem, e que irá, na ocasião, comentar as acusações.

"A defesa não quer se antecipar", declarou.

O defensor, que também é advogado de Palocci, disse que o ex-ministro sempre negou ter intermediado pagamentos ilícitos na Odebrecht, e que cumpriu apenas seu papel de interlocução com empresários à frente da pasta da Fazenda.

O ex-presidente Lula afirma que nunca pediu valor indevido à Odebrecht nem "a qualquer outra pessoa". "Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como 'Amigo'", diz a nota enviada pelo Instituto Lula.

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