Folha de S. Paulo


Ex-candidato Eymael recebeu R$ 50 mil em caixa 2, dizem delatores

Fabio Braga/Folhapress
SAO PAULO, SP, 17-09-2014 - José Maria Eymael (PSDC). Candidatos à Presidência participam do debate organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) na TV Aparecida. ( Foto: Fabio Braga/Folhapress )
José Maria Eymael (PSDC), ex-candidato à Presidência da República.

Dois delatores da Odebrecht disseram em seus depoimentos que a empreiteira baiana deu R$ 50 mil em caixa dois para a campanha presidencial de José Maria Eymael (PSDC), em 2010.

Os ex-diretores Carlos Armando Guedes Paschoal, conhecido como Cap, e Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, relataram o caso aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Como Eymael não tem foro privilegiado, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o envio do caso para a justiça de São Paulo.

Eymael já foi quatro vezes candidato à Presidência da República (1998, 2006, 2010 e 2014) e outras quatro vezes candidato à Prefeitura de São Paulo (1985, 1988, 1992 e 2012). Nunca chegou perto de disputar o segundo turno de nenhuma das disputas.

Em 1986, Eymael elegeu-se deputado constituinte e foi reeleito em 1990.

Se o desempenho eleitoral não é dos melhores, seu jingle da campanha está entre os mais conhecidos. Desde 1985 suas campanhas repetem à exaustão o refrão ""ey ey Eymael, um democrata cristão".

Hoje Eymael é presidente do PSDC.

À Folha ele afirmou que o depoimento dos executivos "é totalmente improcedente": "Não recebemos nem do grupo Odebrecht nem de qualquer outra fonte recursos ilegais que não possam ser declarados à Justiça Eleitoral".

O ex-deputado disse que se sente incomodado com a divulgação da petição, que faz "única e exclusivamente uma coisa: remete para a Procuradoria de São Paulo os depoimentos de dois delatores —que não constam na petição".

Dizendo-se "sem nenhum temor" de ser indiciado pela Lava Jato, Eymael defende a Lava Jato. "É uma das melhores coisas que já aconteceram e tem que ir até o final."

Quatro vezes candidato à presidência, o democrata cristão ainda não sabe se estará na disputa em 2018. Mas avalia que a campanha será favorável para partidos que tenham candidatos com "vidas limpas": "Ficha limpa é pouca coisa".


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