Folha de S. Paulo


Novo modelo eleitoral não irá proteger alvos da Lava Jato, diz Gilmar Mendes

Evaristo Sá - 1º.dez.2016/AFP

Em seminário sobre a reforma política realizado nesta terça-feira (21), o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, afirmou discordar da tese de que a mudança do atual sistema eleitoral irá resultar em uma blindagem de políticos implicados na Lava Jato.

Entre outros pontos, a Câmara pretende aprovar ainda neste ano um novo sistema de eleição de deputados, aliado à criação de um fundo extra para financiar as campanhas.

O modelo que deve ser defendido na comissão da reforma política é o da chamada "lista fechada". Em vez de o eleitor votar em candidatos isolados, como ocorre hoje, votaria em um rol de nomes pré-elaborado pelos partidos políticos.

O argumento é o de que o modelo barateia o processo –em vez de várias campanhas, a sigla faria uma unificada– e fortalece a identidade dos partidos. Os críticos apontam para o fortalecimento de caciques partidários e para uma blindagem de políticos encrencados com a Justiça, já que a tendência das legendas é privilegiar a inclusão na lista de congressistas e políticos consolidados.

"A lista terá que ser transparente. Uma lista mal feita ou feita com nomes pouco representativos, ou mal representados, essa lista será repudiada pela população. Não acredito que uma lista mal-feita vá ter resultado eleitoral positivo", disse Mendes.

Segundo ele, é preciso "afastar o candidato do dinheiro" de campanha sob o argumento de que o atual modelo está corrompido e estimula o caixa dois, que é a movimentação financeira sem o conhecimento da Justiça.

No mesmo seminário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a defender o sistema de lista fechada. Ele também diz não ver possibilidade de blindagem a alvos da Lava Jato, afirmando que partidos que os incluírem nas listas serão atacados pelas legendas adversárias.

O relatório da reforma política deve ser apresentado na comissão no início de abril.


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