Folha de S. Paulo


PT deve votar unido em tucano para a presidência da Assembleia de SP

Mauricio Garcia de Souza/Alesp
01/07/2016 Lei de Diretrizes Orçamentarias para 2017 e aprovada pelos deputados paulistas Caue Macris. Foto: Mauricio Garcia de Souza/ALESP ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O deputado tucano Cauê Macris, que deve ser eleito presidente da Alesp

Manter seu lugar na Mesa Diretora é a prioridade do PT na eleição para a presidência da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), marcada para quarta-feira (15). E, para isso, a bancada deverá votar em Cauê Macris (PSDB), favorito a ocupar o posto.

O diretório estadual do partido se reuniu na tarde desta segunda (13) para decidir como os 15 deputados petistas devem agir no pleito. A orientação é para todos votarem em bloco. E, ainda que a resolução não cite explicitamente, que escolham Macris.

A proposta foi aprovada por 42 membros do diretório, contra os oito contrários. Porém, só na terça (14), em reunião da bancada na Assembleia, os deputados irão bater o martelo sobre o nome do tucano. E sobre a possibilidade de haver dissidências.

O apoio ao candidato do governo Geraldo Alckmin foi questionado por João Paulo Rillo, Carlos Neder e José Américo.

Os três promoveram a campanha "petista não vota em golpista", sob o argumento de que, após o impeachment de Dilma Rousseff, seria incoerente apoiar a permanência do PSDB na presidência da casa. Eles defendem que o partido foi o principal fiador político do processo que levou à cassação da petista.

"É amplamente majoritária a ideia de que devemos participar da Mesa e promover os entendimentos necessários para isso", diz Emídio de Souza, presidente estadual do PT.

Ele ressalta que a decisão sobre o nome que receberá os votos da legenda só sai amanhã ("não cabe ao diretório escolher em quem votar"). Porém, se diz pessoalmente favorável ao consenso em torno de Macris, pois é quem "viabiliza a proporcionalidade" na Mesa.

Por "proporcionalidade", Souza se refere à divisão de forças na Alesp que acontece desde a era Covas: a presidência fica com o partido dono da maior bancada (PSDB), a 1ª Secretaria com a segunda (PT) e a 2ª, com a terceira (DEM).

"Sempre participamos da 1ª Secretaria, há 20 anos, e nunca deixamos de fazer oposição", diz Souza.

As dissidências internas e a mobilização que Neder, Rillo e Américo fizeram em torno da eleição, apostam petistas, podem servir para fortalecer a oposição ao governador no Legislativo daqui por diante.

É um recado que deputados contam ter ouvido do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou de uma reunião com a bancada na sede do Instituto Lula, na semana passada.

"Nossa bancada deve usar os espaços conquistados para ampliar e qualificar ainda mais a oposição ao governo Alckmin e ao PSDB", afirma a resolução, divulgada após a reunião desta segunda.

Houve, porém, um racha nos parlamentares do partido no final de 2016. João Paulo Rillo, integrante da comissão de finanças, apresentou obstruções nas sessões para aprovar o orçamento do Estado em 2017.

A postura do deputado, mais enérgico que os colegas de partido, desagradou o PT na Casa e acabou destituído da comissão. Rillo, então, os chamou de "golpistas" e acabou proibido de participar das reuniões de bancada. Por decisão do diretório nesta segunda, voltará a frequentá-las na terça-feira (14).

ALTERNATIVA

Até o momento, Cauê Macris é o único nome na disputa à presidência da Assembleia. Carlos Cezar, do PSB, retirou sua candidatura na quinta (9).

O tucano pode ganhar um adversário em cima da hora: Carlos Giannazi, líder do PSOL, pretende inscrever Raul Marcelo pelo partido no dia da eleição.

Por ora, aliados do deputado do PSDB dizem contar com os votos de 90 dos 94 deputados da Alesp.


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