Folha de S. Paulo


Meirelles diz que Temer constatou 'um fato' em gafe sobre sobre mulheres

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O ministro Henrique Meirelles e o deputado Aguinaldo Ribeiro nesta quarta 8.mar.2017
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda), nesta quarta-feira (8)

Depois de o presidente Michel Temer dizer que ninguém além das mulheres é capaz de indicar desajustes de preço nos supermercados, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) minimizou a declaração e disse que o peemedebista estava "constatando um fato".

"Eu acredito que foi uma declaração em que ele estava possivelmente constatando um fato, digamos, da realidade, pelo número de pessoas que frequentam o supermercado", afirmou Meirelles, após ser questionado se a declaração foi machista.

Durante evento em referência ao Dia Internacional da Mulher, nesta quarta-feira (8) em Brasília, o presidente Michel Temer afirmou que tem "convicção do quanto a mulher faz pela casa" e da importância da figura feminina para a formação dos filhos que, segundo ele, é "seguramente" de responsabilidade da mãe.

"Não há duvida de que a mulher é importantíssima para a economia e exatamente por isso existe uma regra de transição que começa aos 45 para mulher e 50 para homens. A longo prazo, sim, haverá convergência, porque é o que está acontecendo no mundo inteiro", afirmou Meirelles.

Em seguida, o ministro reconheceu que a remuneração média da mulher no Brasil ainda é de 83% da renda masculina. "A tendência é isso cada vez mais se igualar, é justo. Cada vez mais isso está sendo igualado e não há duvida de que hoje é dia importantíssimo e devemos homenagear as mulheres", disse.

GAFE

A declaração do presidente que menciona atividades domésticas que geram a chamada jornada dupla para as mulheres foi feita em um momento em que a equipe econômica tentar convencer parlamentares e a sociedade de que homens e mulheres devem ter regras iguais para aposentadoria.

A proposta do governo Michel Temer coloca a mesma regra para homens e mulheres: idade mínima de 65 anos e tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Atualmente, as mulheres têm regras diferenciadas e podem se aposentar com 30 anos de contribuição ou 60 anos de idade e 15 de contribuição. Para os homens, são exigidos 35 anos de contribuição ou 65 anos de idade e 15 de contribuição.

Na avaliação de um técnico do governo envolvido nas discussões em torno da reforma da Previdência, o presidente reconheceu, com as declarações desta quarta, que a mulher tem mais trabalho em casa, o que dificulta os argumentos a favor da unificação das regras no Congresso Nacional.

IDADE MÍNIMA

Meirelles e o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, têm feito uma ofensiva na Câmara dos Deputados para defender a aprovação da reforma da Previdência da forma mais fiel possível ao texto enviado pelo executivo. Eles tiveram três reuniões com bancadas de partidos aliados - PP, PRB e PSD - nesta quarta-feira (8). Na terça, se reuniram com a bancada do PMDB, partido de Temer.

Meirelles afirmou, após uma das reuniões, que, se o Congresso Nacional optar por reduzir para 60 anos a idade mínima proposta pelo governo para aposentadoria das mulheres, teria de aumentar para 71 a idade mínima dos homens para não tornar inócua a reforma da Previdência.

"[Diferenciar regras] ou torna inócua [a proposta] se só beneficia um lado, seja quem for, ou penaliza o outro. Mais da metade da população brasileira é mulher. Então pode se propor isso [reduzir idade mínima da mulher], mas as contas têm que fechar", declarou o ministro, após reunião com deputados na Câmara.


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