Folha de S. Paulo


Quadro clínico de Serra justifica saída do governo, dizem especialistas

Alan Marques/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 28.09.2016. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, participa da 111ª Reunião do Conselho da Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, no Palácio do Planalto. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER MERCADO
O ex-ministro das Relações Exteriores, José Serra

De 2% a 9% dos pacientes que se submetem à cirurgia de coluna cervical feita pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), podem continuar com dores e/ou perda de sensibilidade.

Segundo a literatura médica, as causas da falha cirúrgica podem ser várias, como a não formação de osso entre as vértebras, o que faz com que os parafusos colocados na cirurgia não sustentem as estruturas ou se soltem.

Outra possibilidade é a formação de fibrose (processo natural de cicatrização) em torno do nervo ou ainda a mudança da mecânica do pescoço após a substituição do disco por uma prótese.

Mas ainda é cedo para saber se houve uma falha cirúrgica no caso de Serra. Operado em 20 de dezembro, ele ainda está na fase do pós-operatório, que dura 90 dias.

O resultado real da cirurgia leva de quatro a seis meses para aparecer. Nesse período, a recomendação médica é evitar dobrar o pescoço para baixo ou para trás, fazer fisioterapia de duas a três vezes por semana e exercícios de manutenção diários, além de uso de medicamentos.

Segundo médicos ouvidos pela Folha, a saída de Serra do governo para se dedicar à reabilitação é justificada. Longas viagens, por exemplo, são desaconselhadas e a rotina de fisioterapia precisa ser seguida à risca.

DOR NEUROPÁTICA

Os problemas de coluna de José Serra são comuns no processo de envelhecimento, quando há um desgaste natural das estruturas ósseas do corpo, levando a quadros de artrose e hérnia de disco.

A instabilidade segmentar vertebral pode ser causada por essa degeneração. Segundo o fisiatra João Amadera, diretor do Spine Center (Centro de Coluna de São Paulo), há uma maior mobilidade entre as vértebras, o que compromete as estruturas que dão estabilidade à coluna.

Já a estonese foraminal, explica o médico, é um estreitamento do espaço de saída do nervo, que fica "pinçado" e inflamado. Isso leva à dor, perda de sensibilidade, de força e de reflexos.

A cirurgia, nesses casos, visa descomprimir o forame (por onde passam o nervo), substituir o disco por prótese e fixar as vértebras com placa e parafusos.

Segundo o ortopedista Alexandre Fogaça, do Hospital das Clínicas de São Paulo, após a cirurgia, espera-se que a recuperação aconteça em seis meses, mas pode levar até dois anos. Se não ocorrer, é considerado que houve um dano definitivo do nervo, e a pessoa poderá ficar com uma dor crônica como sequela.

A cirurgia de Serra


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