Folha de S. Paulo


Fora do cargo, Cabral usou heliponto do governo do Rio

Geraldo Bubniak/Agencia O Globo
*** USO ONLINE *** Curitiba (PR), LAVA JATO -O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) realiza exame corpo delito no IML em Curitiba neste sabado (10). Ele esta preso desde o dia 17 de novembro no Complexo Penitenciario de Gericino (Bangu), com outros presos na Operacao Calicute, deflagrada pela Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Foto: Geraldo Bubniak/ Agencia O Globo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) realiza exame corpo delito no IML em Curitiba

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) usou o Palácio Guanabara, sede oficial do governo estadual, como heliponto mesmo após deixar o cargo.

A informação consta de tabela entregue pelo empresário Pierre Cantelmo Areas, que em depoimento ao Ministério Público afirmou ter intermediado o fretamento de aeronaves a pedido de Cabral.

Somente entre janeiro e fevereiro de 2015, há três pousos no palácio descritos na tabela. O peemedebista deixou o governo em 2014, quando assumiu seu vice à época, Luiz Fernando Pezão.

Cabral foi alvo nesta terça-feira (14) da quarta denúncia do Ministério Público Federal, sob acusação de lavagem de dinheiro e organização criminosa. A nova ação refere-se à movimentação de propina dentro do Brasil descrita pelos doleiros Renato e Marcelo Chebar em delação premiada à Procuradoria.

Areas, que depôs sob condição de testemunha, recebeu por seus serviços R$ 1 milhão entre agosto de 2014 e junho de 2015 do "caixa" dos irmãos Chebar atribuído a Cabral.

A tabela que entregou aos procuradores indica oito fretamentos de aeronaves, dos quais três fizeram paradas no Palácio Guanabara.

A origem ou destino em todos os casos é Mangaratiba, onde o ex-governador mantinha uma casa de veraneio. Os fretamentos custaram, no total, R$ 187,1 mil.

O governo do Rio afirmou que o heliponto pode ser usado por qualquer pessoa desde que cumpridas as exigências de segurança. A defesa de Cabral não retornou às ligações.

Durante o mandato, o peemedebista foi alvo de críticas por usar helicópteros do governo para viagens pessoais. Investigação sobre o caso foi arquivada no Ministério Público do Rio.

Areas disse que Cabral é seu cliente desde 2007, tendo atendido também a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo e seus filhos. Ele afirmou que o pagamento ocorria em geral por meio de depósito bancário ou em dinheiro vivo.

O "caixa" dos irmãos Chebar que quitou os voos de Cabral movimentou, no total, R$ 39,7 milhões no Brasil entre 2014 e 2015. Os dois também afirmaram ao MPF que mantinham em seus nomes cerca de US$ 101,4 milhões a mando de Cabral.

Além de Cabral, foram denunciados os irmãos Chebar, Adriana Ancelmo, Carlos Emanuel Miranda, Luiz Carlos Bezerra, Sérgio Castro de Oliveira, Ary Ferreira da Costa Filho, Thiago de Aragão, Francisco de Assis Neto, o Kiko, e o doleiro Álvaro Novis.

"Os doleiros recebiam dos demais denunciados dinheiro em espécie oriundo dos crimes de corrupção praticados, custodiavam tais recursos em seu escritório e os distribuíam posteriormente para pagamentos de despesas em favor dos membros do grupo criminoso", afirmou o MPF.

De acordo com a denúncia, "o vultuoso volume de recursos obtidos em razão dos crimes praticados pelo grupo criminoso exigia uma forte estrutura".

OUTRO LADO

O governo do Rio afirmou que o heliponto do Palácio Guanabara pode ser usado por qualquer pessoa desde que cumpridas as exigências de segurança.

Tabela entregue por um empresário indica que Sérgio Cabral utilizou o heliponto da sede oficial do governo por ao menos três vezes em 2015.

"Pousos no heliponto do Palácio Guanabara podem ser solicitados à Superintendência de Segurança por qualquer pessoa. Uma vez cumpridas todas as exigências relativas à segurança do pouso, o mesmo é autorizado", afirma nota do governo.

De acordo com o governo, o uso é gratuito. O advogado Luciano Saldanha, que representa Cabral, não retornou. Os demais citados na denúncia não foram localizados.


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