O Ministério Público Federal do Rio afirma que já conseguiu recuperar cerca de R$ 270 milhões da propina paga ao ex-governador Sérgio Cabral em contas no exterior.
A ocultação desses recursos era feita, segundo a procuradoria, pelo empresário Eike Batista, alvo da Operação Eficiência deflagrada nesta quinta-feira (26).
Parte dos recursos é composta por quatro quilos de barras de ouro e diamantes acautelados em cofres no exterior.
O valor representa quase 80% dos US$ 100 milhões (cerca de R$ 340 milhões) ocultados pelo ex-governador no exterior.—o restante contava com a colaboração de outros empresários.
O valor também supera a propina estimada pela procuradoria paga por empreiteiras nas principais obras do Estado, como o Maracanã, "PAC das favelas" e Arco Metropolitano. Os investigadores calculavam que o peemedebista obteve R$ 224 milhões em recursos ilícitos com esses contratos.
A recuperação dos ativos se deu, segundo o MPF, com o auxílio de colaboradores e já está depositado numa conta da Caixa Econômica à disposição da Justiça Federal.
A força-tarefa de Lava Jato no Rio "está solicitando a cooperação internacional para o bloqueio e posterior repatriação dos valores ainda ocultos em outros países", diz nota do órgão.
De acordo com as investigações, o envio de recursos para o exterior começou antes de Cabral assumir o governo do Rio, em 2007. Entre 2002 e 2007, diz o MPF, o peemedebista enviou US$ 6 milhões ao exterior. Valor multiplicado quando chegou ao cargo.
A Operação Calicute, deflagrada em novembro, apontou que Cabral solicitou mesada antecipada a empreiteiros para a execução de obras no Estado.
De acordo com a Procuradoria, ao sair do cargo, Cabral continuou movimentando os recursos ilegais. Em dez meses (agosto de 2014 a junho de 2015), ele movimentou R$ 39,7 milhões, cerca de R$ 4 milhões por mês.