Folha de S. Paulo


Rosso suspenderá campanha na Câmara até manifestação do STF

O líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), decidiu nesta quarta-feira (25) suspender sua candidatura à presidência da Câmara até que o STF (Supremo Tribunal Federal) se pronuncie sobre a constitucionalidade da candidatura do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Vou sobrestar a campanha até que o STF se pronuncie. Confio que o supremo em tempo fará o devido controle constitucional desse caso", disse Rosso à Folha.

Na prática, Rosso deixa a disputa, já que o STF não deve se manifestar sobre o caso antes de 2 de fevereiro, quando ocorrerá a eleição. A Suprema Corte volta do recesso um dia antes.

Rosso questionou na CCJ (Comissão de Constituição e Jusitça) a legalidade da candidatura de Maia. O Solidariedade e o também candidato André Figueiredo (PDT-CE) questionaram o STF.

A Constituição e o regimento da Câmara vedam a reeleição do presidente em uma mesma legislatura, mas Maia trabalha com a tese de que a regra não se aplica a quem se elegeu para um mandato tampão -caso dele, que assumiu o posto após a renúncia do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O PSD, sexta maior bancada da Câmara, com 37 deputados, oficializou na terça-feira (24) seu apoio à candidatura de Maia, abandonando Rosso.

Renato Costa - 9.abr.2016/Folhapress
O presidente da comissão do impeachment, deputado Rogério Rosso (PSD-DF)
O deputado Rogério Rosso, que foi presidente da comissão do impeachment (PSD-DF)

Ao contrário do que se esperava, Rogério Rosso não prometeu apoio à candidatura de Jovair Arantes (PTB-GO) que, assim como ele, integra o chamado centrão, bloco de partidos medianos criado em torno da presidência de Eduardo Cunha.

Rosso disse que, caso o STF não se manifeste ou decida favoravelmente a Maia, retirará sua candidatura e discutirá com a bancada o que fazer.

NEGOCIAÇÕES

Rosso afirmou não acreditar que tenha havido interferência do Palácio do Planalto na decisão de seu partido.

O acordo entre PSD e Maia envolveu um "pacote" que inclui um lugar na Mesa Diretora, mais espaço físico para a liderança do partido na Câmara e a relatoria de comissões que ainda serão definidas. O PSD tem interesse, por exemplo, na comissão que vai tratar da reforma tributária, uma das principais apostas do governo Temer.

O partido pode entrar ainda na disputa pela indicação para a liderança do governo, responsável pela interlocução entre Planalto e deputados da base governista. Hoje, este posto é ocupado por André Moura (PSC-SE).

Na entrevista desta manhã, Rosso reafirmou ter entrado na disputa com apoio de sua legenda e do presidente licenciado do PSD, o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações).

Apesar de ter sido abandonado, Rosso poupou os correligionários de críticas.

"O ministro tem postura de respeito", afirmou.

FAVORITISMO

Com o apoio oficial do PSD, Rodrigo Maia confirmou seu favoritismo na disputa. Na segunda-feira (23), o PSB, sétima maior bancada com 34 deputados, anunciou oficialmente o voto nele.

Além do PSD e do PSB, ele já conta com o apoio dos principais partidos da base do presidente Michel Temer, como PMDB, PSDB e DEM.

Nesta terça-feira, Maia encontrou-se com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). O candidato disse que o encontro foi "muito bom", apesar de os tucanos não terem emitido nenhum documento formalizando o apoio, como fizeram PSD e PSB.

De oposição ao Planalto, PT e PC do B também já manifestaram intenção de reelegê-lo presidente da Câmara, embora não tenham oficializado.


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