Folha de S. Paulo


Começa o velório de Teori Zavascki em Porto Alegre

O velório do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator da Lava Jato, que morreu na última quinta-feira (19), ocorre na manhã deste sábado (21), no plenário do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.

O corpo de Teori chegou por volta das 8h30 ao local, acompanhado de escolta. A ministra Cármen Lúcia veio na mesma comitiva.

A sede do TRF foi escolhida pela família de Teori, porque ele foi presidente da instituição de 2001 a 2003 e teve papel fundamental na construção do novo prédio.

Pela manhã, a cerimônia é restrita a familiares e amigos.

Estão no local figuras como o juiz Sergio Moro e o juiz João Pedro Gebran Neto, que relata a Lava Jato no TRF4.

Moro evitou comentar movimento que pede a indicação de seu nome pelo presidente Michel Temer para substitui Teori Zavascki no STF.

Em pronunciamento à imprensa, o juiz federal deixou a área destinada aos veículos de comunicação quando perguntado sobre o assunto.

Desde a morte do ministro, tem ganhado força nas redes sociais apelos para que o presidente indique para a vaga o responsável pelos processos da Operação Lava Jato.

"Não pretendo responder a nenhuma pergunta", repetiu.

Em rápida fala, de dois minutos, Moro destacou a "qualidade, importância e relevância dos serviços" que Teori prestava e disse que a relatoria da Lava Jato é uma "situação difícil" pela "importância desses processos".

"Foi um verdadeiro herói e há uma grande desolação na magistratura", afirmou.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ministro Paulo de Tarso Sanseverino defendeu que o sucessor de Teori seja escolhido "antecipadamente entre um ministro do próprio Tribunal". "Não se deve deixar a relatoria para um ministro que vai assumir em uma situação politicamente delicada", disse.

Sanseverino disse ainda que "não seria mal" e que seria uma "solução bem razoável" que própria ministra Cármen Lúcia assumisse a relatoria da Lava Jato.

Temer chegou no início da tarde à sede do tribunal. A ex-presidente Dilma Rousseff não comparecerá ao velório e enterro. Sua assessoria informou à Folha que ela está em viagem na Espanha, onde fará uma palestra na cidade de Sevilha.

Eduardo Anizelli/Folhapress
O juiz Sergio Moro, fala a imprensa em uma sala separada de onde está sendo velado o corpo do ministro Teori Zavascki
O juiz Sergio Moro atende a imprensa em sala separada do TRF4

Segundo o professor Danilo Knijnik, da faculdade de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a morte de Teori é "um vazio que não será preenchido, mas não será esquecido". O ministro se formou em direito, fez mestrado e doutorado na UFRGS. Ele também lecionou na universidade.

O clima na cidade natal de Teori, Faxinal dos Guedes, no oeste catarinense, é de tristeza, segundo o prefeito Gilberto Ângelo Lazzari (PMDB), que compareceu ao velório.

"Em uma cidade de pequeno porte, quando morre alguém tão importante, é uma tristeza e comoção total", contou Lazzari à Folha. Faxinal dos Guedes tem 10.758 habitantes e Teori morou na cidade até a adolescência. Ele se mudou para Porto Alegre aos 18 anos, em 1966.

HOMENAGENS

Na noite de sexta-feira (20), a sede do tribunal ficou movimentada com a entrega de dezenas de coroas de flores.

Na manhã deste sábado (21), o ex-jogador do Grêmio, Estefanus Kostopoulos, 42, trouxe uma bandeira do time para homenagear Teori. O ministro foi conselheiro do clube, de 1983 a 2013.

Antes do acidente, Teori passou alguns dias de férias com seus netos na praia de Xangri-Lá, no litoral norte gaúcho.

Seu filho, Francisco Zavascki, 37, disse à Folha que o pai demonstrou preocupação com o desenrolar da Lava Jato por causa da "gravidade" dos fatos e das pessoas envolvidas..

O sucessor de Teori deve ser escolhido com brevidade, segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O enterro será a partir das 18h, no cemitério Jardim da Paz, no bairro Agronomia, em Porto Alegre.


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