Folha de S. Paulo


Teori conheceu empresário em 2012, quando sua mulher se tratava em SP

O ministro Teori Zavascki, 68, conheceu o empresário Carlos Alberto Filgueiras, 69, dono do hotel Emiliano e do avião acidentado, em 2012, quando a mulher do magistrado, Maria Helena Marques de Castro Zavascki, passou por um tratamento de câncer em São Paulo.

Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, morreu na tarde desta quinta-feira (19) em um acidente de avião na costa de Paraty (RJ).

À época, Teori ainda era ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça); só seria indicado para o Supremo em novembro de 2012.

Teori encontrou em Filgueiras um amigo para conversar sempre que deixava o hospital e as sessões de quimioterapia da mulher, segundo amigos do empresário ouvidos pela Folha com a condição de que seus nomes não fossem citados. Maria Helena morreu em agosto de 2013.

Durante o tratamento, Filgueiras franqueou a Teori um apartamento que tinha no prédio anexo ao hotel, na rua Oscar Freire. Ele só permitia que grandes amigos usassem esse apartamento.

CASA NA ILHA

Foi como amigo que Filgueiras convidou Teori para descansar na fazenda e na ilha que tinha em Paraty. O empresário era generoso e sedutor: levava sempre seus amigos para a cidade do litoral fluminense, onde podiam desfrutar do que considerava o maior luxo, a privacidade.

Um dos refúgios do empresário, na ilha das Almas, próxima à praia de Paraty-Mirim, foi alvo de investigação do Ministério Público Federal do Rio em 2012. O órgão apontava que Filgueiras havia fechado a praia para visitação, o que é proibido. No Brasil, todas as praias são públicas e não podem ser privatizadas. O empresário, na ocasião, negou à Folha ter cometido irregularidades.

As obras na ilha, que fica na Área de Proteção Ambiental Cairuçu, ainda renderam a Filgueiras uma ação penal, em andamento, sob acusação de crime ambiental. De acordo com a Procuradoria, foram construídas no local uma praia artificial, que teria causado danos ao meio ambiente, e "residências de grande porte".

Ministro da corte desde 2012, Teori era responsável pelos casos da Lava Jato que envolvem pessoas com foro privilegiado, como congressistas e ministros. Ele trabalhava na fase final da análise de homologação da delação da Odebrecht, o maior acordo de colaboração da operação.


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