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Lava Jato indicia ex-gerente que recebeu propina em caixas de uísque

Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-gerente Glauco Legatti, em depoimento à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, em 2015
O ex-gerente Glauco Legatti, em depoimento à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, em 2015

No apagar das luzes de 2016, o ex-gerente da Petrobras Glauco Colepicolo Legatti foi indiciado na Operação Lava Jato sob suspeita de corrupção.

Legatti era um dos responsáveis pela obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ele é suspeito de ter recebido propinas da Galvão Engenharia e da Odebrecht, a fim de atuar a favor das empresas e aprovar aditivos.

Investigado na 20ª fase da Lava Jato, em novembro de 2015, Legatti negava irregularidades, mas acabou procurando a Polícia Federal no final do ano passado, com a intenção de fazer delação.

O acordo foi rejeitado pelos investigadores, mas ele confessou ter recebido cerca de R$ 120 mil de Shinko Nakandakari, operador da Galvão Engenharia, além de outros US$ 7 milhões em propina da Odebrecht, em contas na Suíça.

O indiciamento, do dia 26 de dezembro, é relativo ao dinheiro recebido de Nakandakari. Os valores da Odebrecht serão investigados num outro inquérito.

UÍSQUE

Segundo o ex-gerente, o dinheiro lhe foi entregue dentro de caixas de uísque e vinho, recebidas como presente em restaurantes de hotéis, no Rio de Janeiro.

Legatti e Nakandakari eram amigos. O ex-gerente da Petrobras disse ter tentado recusar o pacote da primeira vez, mas recebeu em função da insistência do operador, que afirmou que era um "presente pessoal".

Ele afirma não ter atuado em favor da Galvão, mas diz que Nakandakari provavelmente usava seu nome "para mostrar influência".

O operador, que é delator da Lava Jato, também admitiu o crime e afirmou que fez as entregas a pedido de Erton Fonseca, então diretor da Galvão, em função da "ingerência" de Legatti na obra da Abreu e Lima. Fonseca já foi condenado numa ação da Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.

O ex-gerente apresentou comprovantes bancários da movimentação da propina e entregou dados sobre suas contas no exterior.

Tanto Legatti quando Nakandakari foram indiciados, assim como Erton Fonseca, sob suspeita de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A Folha não conseguiu contato com a defesa dos indiciados nesta quarta (4).


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