Folha de S. Paulo


Temer quer reforçar elo com PSDB para reagir a delação

Alan Marques/Folhapress
Após passar fim de semana em SP, Michel Temer chega ao Palácio do Jaburu neste domingo
Após passar fim de semana em SP, Michel Temer chega ao Palácio do Jaburu neste domingo

Na tentativa de conter a crise política que avançou sobre o Planalto após a revelação de detalhes da delação da Odebrecht, o presidente Michel Temer quer um acordo definitivo com o PSDB e planeja o anúncio de medidas econômicas para tentar tirar seu governo das cordas.

Neste domingo (11), o presidente recebeu aliados no Palácio do Jaburu, em reuniões que não constavam de sua agenda oficial, para discutir o cenário.

Entre os visitantes, estavam o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), o secretário de Parcerias e Investimentos, Moreira Franco, e o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que deve assumir a Secretaria de Governo.

Assim como o presidente, os três foram citados na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que diz que políticos receberam recursos em troca de vantagens para a empreiteira. Eles negam envolvimento em irregularidades.

Segundo a Folha apurou, no esforço de conter a crise, Temer pretende combinar a nomeação de Imbassahy para a articulação política do Planalto com o anúncio, ainda este ano, de novas medidas para destravar o mercado de crédito e tentar tirar a economia da recessão.

Após a reticência do presidente, que chegou a dizer que Imbassahy iria para o governo somente "no momento oportuno", Temer se reuniu com o tucano neste domingo e deve conversar nesta segunda-feira (12) com Aécio Neves (MG) para bater o martelo.

Dessa forma, avaliam auxiliares, o presidente consegue amarrar de vez o partido aliado e fica menos dependente do chamado "centrão", grupo de cerca de 200 deputados que reivindicava a Secretaria de Governo e chegou a ameaçar retaliação em votações importantes para Temer no Congresso.

Líder do PSD na Câmara e um dos insatisfeitos com a nomeação de Imbassahy, Rogério Rosso (DF) também esteve no Jaburu neste domingo e se reuniu com Temer sem a presença dos demais. Oficialmente, diz que não tratou com o presidente sobre a nomeação do tucano.

A avaliação da equipe de Temer foi bastante pessimista diante da pesquisa Datafolha que mostrou a rejeição ao peemedebista crescer de 31% para 51% desde julho, acompanhada de queda na confiança na economia.

O levantamento revelou ainda que 63% da população quer a renúncia imediata do peemedebista para a realização de eleições diretas.

À noite, Temer participou de jantar na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O peemedebista pediu empenho da base nas votações e tentou imprimir clima de normalidade ao governo.

Apesar do discurso de esforço para a provação das medidas do pacote de ajuste fiscal no Congresso, o presidente fez um apelo à equipe do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) para que medidas para "facilitação do crédito" sejam anunciadas nas próximas semanas e não mais em janeiro, como era o plano.

Um dos motivos para a demora na recuperação da economia é a elevação do endividamento de pessoas jurídicas e físicas.

A avaliação da equipe econômica, porém, é que medidas pontuais não serão suficientes para fazer o país voltar a crescer e que a solução terá que vir via investimentos de empresas, que só voltarão a com a queda de juros.

Assim, avaliam auxiliares de Meirelles, a expectativa está em cima da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em janeiro.

Durante o fim de semana, Meirelles se reuniu com representantes de bancos para analisar os motivos do travamento do mercado de crédito e as medidas que podem ser lançadas para reduzir o endividamento de empresas e pessoas físicas.

Está ainda sob análise do governo liberar parte do FGTS para que trabalhadores possam quitar dívidas.

O QUE DIZ O DELATOR - Pagamentos feitos pela Odebrecht identificados por Cláudio Melo Filho

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