Folha de S. Paulo


Renan nega que manobra no Senado tenha sido retaliação à Lava Jato

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou que sua tentativa de votar o projeto de medidas anticorrupção a toque de caixa no plenário da Casa nesta quarta-feira (30) tenha sido uma retaliação à força-tarefa da Lava Jato.

Segundo Renan, "há muitas tentativas" de interferir no Legislativo, mas é preciso ter "bom senso" e "racionalidade".

Procuradores da Lava Jato afirmaram que podem renunciar coletivamente caso entre em vigor a proposta de abuso de autoridade, inserida no projeto por emenda na Câmara na madrugada desta quarta.

"Eu não assisti. Sinceramente, não assisti [às declarações dos procuradores]. Absolutamente não interferiu [na votação]. Eu sei que as tentativas de interferir no Legislativo são muitas. Hoje mesmo um juiz de primeira instância quebrou o sigilo de uma jornalista [Andreza Matais, do jornal "O Estado de S. Paulo"] querendo quebrar o sigilo da fonte. Essas coisas são incompatíveis com a Constituição", disse Renan.

Pouco antes, o plenário do Senado havia rejeitado um requerimento de urgência para votar ainda nesta quarta o pacote de medidas anticorrupção aprovado pela Câmara. A manobra foi patrocinada por Renan, em articulação com líderes de outros partidos, mas eles acabaram derrotados.

Renan foi acusado pelos colegas de "abuso de autoridade" ao tentar forçar a urgência na apreciação. Diversos parlamentares foram aos microfones do plenário se manifestar contra a votação com urgência, que acabou rejeitada, às 19h45, por 44 votos contra e 14 a favor.

Alvo da Lava Jato, Renan tem feito ofensiva contra integrantes do Judiciário e do Ministério Público.

Agora, o pacote seguirá o trâmite normal na Casa e vai ser discutido na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) antes de ser votado em plenário, o que deve acontecer somente no ano que vem.

O presidente do Senado evitou ainda assumir a derrota ou a articulação da votação a toque de caixa e se disse "satisfeito" com o resultado.

"Sinceramente, achei muito bom que o Senado tenha decidido que essa matéria não é urgente", afirmou Renan.


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