Folha de S. Paulo


Procuradoria-Geral pede à PF áudios gravados por ex-ministro da Cultura

Alan Marques - 1.set.2016/Folhapress

A PGR (Procuradoria-Geral da República) requisitou oficialmente à Polícia Federal, nesta segunda-feira (28), o encaminhamento dos áudios gravados pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero em conversas com autoridades sobre um prédio embargado em Salvador.

O argumento é que a PGR precisa ter em mãos todos os elementos probatórios para decidir se pede ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de um inquérito sobre autoridades que tenham foro privilegiado no tribunal –no caso, o presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil).

Calero disse que foi "enquadrado" por Temer e pressionado por Padilha a resolver uma questão de interesse do então ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), que afirma ter comprado um apartamento no prédio embargado, o La Vue Ladeira da Barra.

O ex-ministro da Cultura prestou depoimento à PF no último dia 19. Segundo a Folha apurou, a PF recebeu os áudios e entendeu que não poderia fazer uma perícia sem que uma investigação formal tivesse sido iniciada. Os policiais, então, resolveram fazer uma análise das gravações.

A PF está analisando se houve alguma edição nos áudios e se os trechos são audíveis, para eventualmente transcrevê-los e depois encaminhá-los à PGR. O resultado dessa verificação é esperado para o final do dia.

O procedimento da PF, porém, tem gerado críticas entre integrantes do Ministério Público Federal. Para procuradores, o material deveria ser enviado diretamente à PGR, a quem compete solicitar a abertura de uma investigação formal.

O CASO

Calero, que se demitiu na semana retrasada, disse ter sido pressionado pelo então ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) a rever um parecer do Iphan (instituto do patrimônio histórico) nacional que proibiu a construção do edifício La Vue, onde Geddel afirma ter comprado um apartamento. Em meio à crise gerada pelo caso, Geddel também deixou o governo. Com isso, ele perdeu o foro privilegiado –um eventual inquérito sobre ele tramitaria em primeira instância, não no Supremo.

Além de ter acusado Geddel, o ex-ministro da Cultura afirmou ter sido "enquadrado" pelo presidente Temer e pelo ministro Padilha, da Casa Civil. Ambos negam ter pressionado Calero.


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