Folha de S. Paulo


Calero não gravou pressão feita por Temer por solução para obra

Pedro Ladeira - 20.jul.2016/Folhapress
Alexandre de Moraes (esq.) disse que Temer (dir.) não pressionou ex-ministro
Alexandre de Moraes (esq.) disse que Temer (dir.) não pressionou ex-ministro

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero não gravou a conversa em que o presidente Michel Temer, segundo ele, pressionou-o para que encontrasse uma solução para o prédio embargado em Salvador pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em que o ex-secretário de Governo da Presidência Geddel Vieira Lima tem um apartamento.

Segundo a Folha apurou, Calero não tem em seu poder nenhum áudio comprometedor de Temer. Mas há gravações feitas por ele de conversas com autoridades do governo federal.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse nesta sexta-feira (25) que a Polícia Federal vai apurar a informação que tem circulado de que Calero gravou conversas. Inclusive, segundo Moraes, serão investigados os boatos de áudio com a voz de Temer.

"Os boatos sobre a gravação, se há ou não gravação, isso vai ser apurado para verificar em que condições foram feitas", disse Moraes, sem detalhar o que seria feito. "Não vou responder nada sobre isso", afirmou.

Nesta sexta, Calero divulgou nota negando ter pedido uma audiência com Temer para gravar a conversa.

Moraes também negou a informação de que o agora ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima tenha prestado depoimento à Polícia Federal.

"Quem vai decidir ou não se abre ou não inquérito, se pede abertura, quais as diligências a serem pedidas, é o procurador-geral da República (Rodrigo Janot). Não está mais na Polícia Federal", afirmou Moraes.

O ministro da Justiça lembrou ainda que, agora que Geddel não é mais ministro, Janot analisará se o caso será remetido à primeira instância.

Geddel entregou sua carta de demissão na manhã desta sexta-feira.

Em entrevista nesta manhã, Moraes saiu em defesa de Temer.

"O presidente simplesmente indicou ao ministro Calero que, se achasse o caso, consultasse a AGU (Advocacia-Geral da União). Tanto que o próprio ministro não consultou a AGU. Entendeu por bem não consultar e ele mesmo decidir. Este é o papel constitucional da AGU quando consultada por ministros. Nem houve a consulta, o que demonstra que foi uma conversa absolutamente normal", declarou o ministro da Justiça.


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