Folha de S. Paulo


Temer critica Dilma e diz que 'lucidez' deve substituir 'ilusionismo'

Alan Marques/Folhapress
Michel Temer participa da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social
Michel Temer participa da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social

O presidente Michel Temer aproveitou nesta segunda-feira (21) a abertura da primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para criticar a política econômica de sua antecessora no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff.

Em discurso, o peemedebista criticou o que chamou de "contabilidade criativa" da gestão anterior e ressaltou que só será possível fazer o país crescer se o "ilusionismo" for substituído pela "lucidez". Segundo ele, a "gigantesca crise" enfrentada pelo país é resultado da tentativa de "disfarçar a realidade".

O presidente ressaltou ainda que a administração peemedebista não encontrou um deficit fiscal, mas um "déficit de verdade".

"No Brasil, não havia deficit fiscal, havia um deficit de verdade. É preciso encarar os fatos tal como são", criticou. "Nós só faremos o Brasil crescer substituindo o ilusionismo pela lucidez", acrescentou.

Ele também pregou uma pacificação do país. Segundo ele, o país não pode continuar dividido. "Não pode haver uma cisão raivosa entre os vários brasileiros. Nós que sempre tivemos a fama de ser conciliadores e amigáveis", disse.

O presidente também aproveitou o encontro para pedir o apoio de empresários e sindicalistas à reforma previdenciária. Ele reconheceu que as mudanças nas regras de aposentadoria causam "muita angústia", mas prometeu uma reforma ampla e que será debatida com a sociedade civil.

Segundo ele, a iniciativa será enviada ao Congresso Nacional até o final do ano e o ajuste fiscal só poderá ser realizado efetivamente com a aprovação de mudanças nas atuais regras. Para ele, sem a reforma previdenciária, seria preciso "fechar as portas do país para balanço".

"Se nós não tivermos coragem para fazer isso, não vale a pena estarmos aqui", ressaltou.

O peemedebista ressaltou que as reformas propostas pelo governo federal serão feitas pouco a pouco. Segundo ele, após a previdenciária, será enviada a trabalhista, com a flexibilização das regras atuais.

Ele defendeu uma maior participação do setor privado nas discussões governamentais e ressaltou que não pretende governar sozinho.

Na nova configuração do órgão consultivo, criado em 2003 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o peemedebista retirou representantes de entidades que fazem oposição à gestão federal, como CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e UNE (União Nacional dos Estudantes).

Ele elevou de 92 para 96 o total de integrantes e convidou, por exemplo, o presidente da Fiesp (Federação das Indústria do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, ambos filiados ao PMDB.

Na última semana, o presidente reconheceu que não será fácil a aprovação de uma reforma previdenciária. O receio do Palácio do Planalto é que a base aliada vote contra a proposta diante da pressão de centrais sindicais e movimentos sociais.

Como boa parte do fórum de discussões é formado por integrantes do setor empresarial e por entidades alinhadas à gestão federal, a expectativa de assessores e auxiliares presidenciais é que o primeiro encontro passe uma imagem pública de apoio da sociedade civil às mudanças governamentais.


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