Folha de S. Paulo


Diplomata, Marcelo Calero enfrentou polêmica já no primeiro mês no cargo

Alan Marques - 1.set.2016/ Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 01.09.2016. O ministro da Cultura, Marcelo Calero, dá entrevista exclusiva sobre os seus100 dias na direção do MinC.(FOTO Alan Marques/ Folhapress) ILUSTRADA *** ESPECIAL FIM DE SEMANA ***
Marcelo Calero, que pediu demissão do governo de Michel Temer

Nomeado a secretário-executivo de Cultura em maio, no momento em que a área havia perdido o status de ministério, Marcelo Calero assumiu como ministro após protestos da classe artística quanto à extinção da pasta.

Sua primeira polêmica ocorreu já em seu primeiro mês no cargo. Em junho, durante uma entrevista no programa "Metrópolis", da TV Cultura, o ministro chamou o protesto anti-impeachment realizado em Cannes pela equipe do filme "Aquarius" de "um pouco totalitário". Foi amplamente criticado no meio cultural.

Em julho, veio a segunda controvérsia, quando integrantes de movimentos sociais que já estavam ocupados em prédios do ministério, incluindo o Palácio Capanema, no Rio, foram levados a deixar o local. Em maio, Calero havia prometido que não pediria a reintegração de posse, mas, dois meses depois, a polícia dispersou os manifestantes para garantir a "continuidade dos serviços de reforma" no Capanema.

No mesmo mês, sob sua gestão, o MinC demitiu 81 funcionários em cargos comissionados, a maior onda de exonerações da história da pasta e que também envolveu a cúpula da Cinemateca e sua coordenadora, Olga Futemma. A justificativa foi a de que estava promovendo "desaparelhamento" do ministério.

Dias depois, reconduziu os funcionários da cúpula da Cinemateca após um manifesto com mais de 1.300 assinaturas e a revelação, pela Folha, de uma denúncia de estelionato contra Oswaldo Massaini Filhop(erramos). + ERRAMOS: O conteúdo desta página foi alterado para refletir o abaixo

  • O nome do coordenador da Cinemateca Brasileira é Oswaldo Massaini Filho, não Oswaldo Massaini Neto., coordenador apontado pelo MinC para suceder Futemma.

MAIS PROTESTOS

Na esteira do lançamento de "Aquarius" no Brasil, no fim de agosto, Calero ouviu gritos de "Fora, Temer" quando o filme de Kleber Mendonça Filho foi exibido no Festival de Gramado. No início, foi a vez de ser chamado de "golpista" pela classe artística no Museu Imperial, em Petrópolis. Na ocasião, ele deixou o festival de cinema sediado no local após se exaltar e fazer gestos ofensivos para os manifestantes.

Antes de assumir o posto em Brasília, Calero já havia se aproximado de Eduardo Paes (PMDB-RJ), prefeito do Rio, quando presidiu o Comitê Rio 450, para organizar as comemorações pelo aniversário da capital carioca.

Calero estava há um ano na secretaria municipal de cultura do Rio, onde substituiu Sérgio Sá Leitão.

Advogado de formação e diplomata de carreira, Marcelo Calero assumiu seu primeiro cargo público em 2005, na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Ele passou a se dedicar à diplomacia em 2007 e chegou a servir na Embaixada do Brasil no México.


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