Folha de S. Paulo


Doleiro é preso sob suspeita de obstrução de Justiça no DF

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (17) em Brasília Fayed Traboulsi, considerado o principal doleiro da capital federal.

O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal por suspeita de obstrução da justiça em decorrência da Operação Miquéias, deflagrada em 2013 para apurar supostas fraudes em fundos de pensão de servidores estaduais e municipais.

O juiz da 10a. Vara Federal de Brasília, Ricardo Augusto Soares Leite, acolheu o pedido da prisão preventiva do doleiro e de mais dois envolvidos no caso.

Segundo a PF, há indícios de que Traboulsi estaria atrapalhando a fase de instrução processual do caso Miquéias.

O juiz federal substituto da 10ª Vara, Ricardo Augusto Soares Leite, também ordenou a prisão do ex-policial civil Marcelo Toledo Watson e de Carlos Eduardo da Rocha Marzola. Segundo o juiz, havia "iminente possibilidade de fuga dos réus", segundo informado pelo Ministério Público Federal.

O juiz entendeu que as prisões eram necessárias para "assegurar a completa dissolução desta frente criminosa, impedindo a prática de novos atos, bem como para assegurar a conveniência da instrução criminal". O magistrado apontou que Traboulsi e os dois outros "possuem notável círculo de interferência na esfera estatal, especialmente em corporações responsáveis diretamente pela persecução penal (no caso a Polícia Civil do DF) e a Receita Federal".

Na ordem de prisão, o juiz também apontou que a folha de antecedentes de Traboulsi "é extensa", com "vários inquéritos penais e ações penais (mais de 15 incidências penais e em tipos penais diversos, como corrupção, crime contra o sistema financeiro, tributários, contrabando, lavagem de dinheiro, uso de documento falso)", incluindo "duas condenações nesta vara" federal. Para o juiz, o quadro indica "a necessidade de impedir seu retorno à prática criminosa".

Os pedidos de prisão foram feitos pelo MPF em julho, juntamente com a denúncia de 43 pessoas acusadas de participar do esquema que lesou fundos de pensão.

Um dos inquéritos derivados dessa operação investiga no STF (Supremo Tribunal Federal) o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA). A quebra de sigilo bancário dele foi autorizada pelo ministro do Supremo Marco Aurélio Mello.

Traboulsi tem ligação com outro doleiro, Carlos Chater, que é dono do Posto da Torre, usado no esquema de lavagem de dinheiro apurado na Operação Lava Jato. O nome da investigação remete ao posto de Chater.

OUTRO LADO
O advogado Antônio Carlos de Alemeida Castro, que defende Fayed Traboulsi, disse que a prisão do seu cliente foi uma "surpresa porque o pedido de prisão é de meses atrás". O criminalista argumentou que "quando o pedido de prisão demora a ser cumprido, ele perde a sua cautelaridade".

Castro disse ainda que não entrará com pedido de habeas corpus para libertar o cliente por acreditar que na audiência de custódia conseguirá converter a prisão preventiva em medidas cautelares substitutivas. Ele nega que Traboulsi tenha tentado atrapalhar a instrução do processo.


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