Folha de S. Paulo


Após 2 meses, operação em Ribeirão Preto soma 134 bens apreendidos

Silva Júnior - 10.out.2014/Folhapress
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), durante evento no Palácio Rio Branco
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), investigada na operação Sevandija

Carros, casas e R$ 15 milhões bloqueados em contas correntes dos envolvidos. Deflagrada há dois meses, a operação Sevandija, que investiga o que é considerado o maior escândalo de corrupção da história de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), já bloqueou ou apreendeu 134 imóveis e veículos, a maioria de luxo.

Os dados constam de um relatório de processos e bens apreendidos pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público paulista, nos últimos dois anos.

A operação, que significa "parasita", foi desencadeada pela PF (Polícia Federal) e pela Promotoria em 1º de setembro e apura fraudes em contratos de licitações da prefeitura que somam R$ 203 milhões.

De acordo com o documento, a operação resultou até aqui no bloqueio de 68 imóveis e nas apreensões de 66 veículos —só foram apreendidos veículos com valor de mercado superior a R$ 50 mil.

Dezesseis pessoas foram presas na operação, inclusive ex-secretários da prefeita Dárcy Vera (PSD) -foram soltas após decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça)-, e nove vereadores tiveram os mandatos suspensos por suspeita de envolvimento.

O volume de dinheiro apreendido ou bloqueado em contas correntes chegou a R$ 15,78 milhões, ou 96% de todo o montante envolvido nas seis operações do Gaeco desde o início de 2015 —R$ 16,41 milhões no total.

No cumprimento de 48 mandados de busca e apreensão, a PF apreendeu R$ 320 mil, em três moedas (euros, dólares e reais), além de 12 veículos de luxo. Só em um dos locais, o montante apreendido foi de R$ 160 mil.

SUSPEITA

Grampos que constam da investigação do Ministério Público e da PF indicam que a prefeita supostamente usou a distribuição de cargos, numa triangulação feita com uma empresa suspeita, para comprar apoio político dos vereadores na Câmara.

Nos grampos, autorizados pela Justiça e obtidos pela Folha, Dárcy diz ao ex-secretário de Administração Marco Antônio dos Santos, que foi preso na operação, que vai demitir funcionários terceirizados indicados por vereadores que não votarem conforme seus interesses.

Depois, em delação premiada, o ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Wagner Rodrigues, que foi candidato à Prefeitura de Ribeirão pelo PC do B, disse que a prefeita recebeu R$ 4 milhões em propina.

OUTRO LADO

A advogada Maria Cláudia Seixas, defensora de Dárcy, afirmou à Folha que a prefeita nega "com veemência" ter recebido o dinheiro citado por Rodrigues aos promotores.

Segundo ela, o procedimento da delação é sigiloso e sua homologação ainda é desconhecida. "É preciso respeitar os trâmites legais. O procedimento é sigiloso, ela está fazendo sua defesa, dentro do processo, em São Paulo [na Procuradoria]", afirmou a advogada.

Ainda conforme ela, a delação tem de ser acompanhada de provas. "Não temos ciência de prova alguma."

Os vereadores que tiveram os mandatos suspensos negam elo com o suposto esquema e afirmam serem inocentes.


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