Folha de S. Paulo


Em meio a investigação, prefeita de Ribeirão Preto é internada

Edson Silva/Folhapress
RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL, 22-12-2014: O governador Geraldo Alckmin ao lado dos deputados Baleia Rossi e Duarte Nogueira e da prefeita Dárcy Vera, inaugurou a remodelação do
A prefeita Dárcy Vera durante evento oficial em 2014

Em meio às investigações da operação Sevandija, que apura um escândalo de corrupção em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), a prefeita da cidade, Dárcy Vera (PSD), foi internada na noite desta terça-feira (25).

De acordo com a diretoria clínica do Hospital São Francisco, a prefeita chegou ao local durante a noite com desidratação e foi diagnosticada com um quadro de distúrbio grastrointestinal.

Não é a primeira vez que a prefeita é internada. Há dois anos, com um quadro de anemia, foi levada ao mesmo hospital. Um ano antes, teve infecção generalizada quando estava em Brasília e correu risco de morte.

Durante a tarde de terça-feira, no Palácio Rio Branco, sede do governo, ela apresentou queda de pressão arterial, que provocou mal estar durante o restante do expediente. À noite, sem que o quadro melhorasse, foi levada ao hospital. Servidores afirmam que ela tem se alimentado mal desde a deflagração da operação.

Ainda conforme o hospital, Dárcy tem recebido hidratação endovenosa e está bem clinicamente. A previsão é que ela tenha alta hospitalar nesta quinta-feira (27).

A internação ocorre num momento em que seu governo é alvo de uma devassa da operação Sevandija, deflagrada pela PF (Polícia Federal) e pelo Gaeco, do Ministério Público paulista, que apura fraudes em contratos de licitações da prefeitura que somam R$ 203 milhões.

Ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em delação premiada, o ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão, Wagner Rodrigues, que foi candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto pelo PC do B, disse que a prefeita recebeu R$ 4 milhões em propina. A defesa de Dárcy nega.

Antes, Dárcy já tinha sido flagrada em grampos que podem indicar que ela usou a distribuição de cargos no governo, numa triangulação feita com uma empresa, para comprar apoio político de vereadores na Câmara.

A advogada Maria Cláudia Seixas, defensora de Dárcy, afirmou à Folha que a prefeita nega "com veemência" ter recebido esse dinheiro.

Segundo ela, o procedimento da delação é sigiloso e sua homologação ainda é desconhecida. "É preciso respeitar os trâmites legais. O procedimento é sigiloso, ela está fazendo sua defesa, dentro do processo, em São Paulo [na Procuradoria]", afirmou a advogada.

Ainda conforme ela, a delação tem de ser acompanhada de provas. "Não temos ciência de prova alguma."


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