Folha de S. Paulo


Lula não frequenta estádio que Odebrecht diz ter sido 'presente'

Roberto Setton - 3.set.2011/UOL
O ex-presidente Lula visita as obras do Itaquerão, na zona leste de São Paulo
O ex-presidente Lula visita as obras do Itaquerão, na zona leste de São Paulo

Na negociação de sua delação premiada, Emílio Odebrecht afirmou que o Itaquerão, estádio do Corinthians construído para sediar a Copa do Mundo de 2014, foi um "presente" para o ex-presidente Lula. O petista, entretanto, não costuma frequentar as arquibancadas ou os camarotes da arena.

Torcedor do Corinthians, ele visitou o local de construção e acompanhou a assinatura do contrato entre o time e a Odebrecht, em 2011. Na festa de aniversário de 101 anos do clube, quando o acordo foi selado, Lula vestiu um capacete de obras com o escudo do time e esteve no palco onde o documento foi firmado.

Na época, o presidente do Corinthians era Andrés Sanchez, deputado federal pelo PT paulista e amigo próximo de Lula. Ele chegou a dizer à revista "Época", em 2011, que a parte financeira do estádio teria sido feita por ele, Lula e Emílio Odebrecht.

Entretanto, o ex-presidente não estava presente no estádio nem sequer na abertura da Copa do Mundo, quando o Brasil venceu a Croácia de virada. Ele preferiu assistir ao jogo junto da família, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).

Dilma, que estava nos camarotes ao lado do então vice-presidente Michel Temer, foi vaiada pelos torcedores. O acontecimento causou indignação no ex-presidente, que classificou o protesto como "uma cretinice".

O petista tampouco estava no primeiro jogo oficial disputado na nova casa do time alvinegro, em maio de 2014: uma derrota para o Figueirense pelo campeonato brasileiro.

Não existem registros de que Lula tenha assistido a alguma partida no estádio. Procurada, a assessoria de imprensa do Instituto Lula confirmou que ele nunca foi ver um jogo no Itaquerão.

DELAÇÃO

Emílio Odebrecht é pai de Marcelo Odebrecht, que está preso em Curitiba, condenado a 19 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa.

Presidente do grupo que controla a empreiteira, Emílio afirma que a construção do estádio foi uma retribuição à Lula, que teria ajudado a empresa durante seus dois governos, entre 2003 e 2010.

As informações ainda precisam ser ratificadas pela Justiça.


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