Folha de S. Paulo


Cunha foi preso em apartamento funcional que já deveria ter desocupado

O ex-deputado Eduardo Cunha estava no prédio onde mora quando a primeira equipe da Polícia Federal chegou, por volta das 13h desta quarta (19), de acordo com informações dos seguranças do edifício, em uma quadra da Asa Sul, em Brasília.

Segundo funcionários ouvidos pela Folha que acompanharam a operação, dois agentes se apresentaram na portaria, com mandado de prisão, e avisaram que subiriam na casa do ex-deputado. Uma policial ficou no térreo.

De acordo com os seguranças, um dos advogados de Cunha, que faz parte do escritório de Ticiano Figueiredo, chegou ao prédio 20 minutos antes da PF. Ele se identificou, perguntou se havia acontecido alguma operação até então e subiu ao segundo andar de elevador.

Outro carro da polícia, esse descaracterizado, chegou pouco depois da primeira equipe. O ex-presidente da Câmara demorou alguns minutos para descer junto com os agentes e foi para o subsolo, onde o carro da PF entrou para pegar todos. Segundo a PF, o cumprimento da prisão ocorreu na garagem.

Os porteiros acompanharam o movimento pelo sistema de câmeras internas. Eles disseram que Cunha não saiu do apartamento nenhuma vez pela manhã e que recebeu duas visitas antes da PF chegar: Paulinho da Força (SD-SP) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Figueiredo deu à Folha a mesma versão que os seguranças do prédio.

Afirmou também que a operação ocorreu de maneira tranquila e que os agentes foram educados com ex-deputado.

O apartamento funcional em que Cunha foi preso deveria ter sido devolvido à Câmara há uma semana. Ele foi notificado na terça (18) a deixar o local sob pena de multa diária de R$ 142.

O deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) disse à Folha que estava fazendo a transição com o ex-presidente da Câmara. O combinado, segundo ele, era de que a casa fosse esvaziada nesta semana. "Ele estava fazendo um inventário e ia me entregar o apartamento. Já tinha levado algumas malas embora. Não ia ficar, nem pegar emprestado", afirmou Bacelar.

Quem cuidava do assunto, de acordo com o deputado, era a mulher de Cunha, Cláudia Cruz, que também estava em Brasília nesta quarta.

CURITIBA

Após deixar o apartamento, Cunha foi para o hangar da PF na Base Aérea de Brasília, de onde decolou por volta das 15h. Ele chegou à sede da PF em Curitiba aos gritos de "Fora, Cunha" por volta das 17h15, num carro da polícia descaracterizado. Cerca de 20 manifestantes e curiosos aguardavam no local, a maioria do movimento Curitiba contra a Corrupção.

"Jogou na rede, é peixe. Ainda mais peixe grande", diz a professora aposentada Narli Resende, 59, uma das organizadoras da manifestação.


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