Folha de S. Paulo


Pensar em 2018 depende de retomada da economia, afirma Moreira Franco

Pedro Ladeira - 13.set.16/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 13-09-2016, 11h00: O presidente Michel Temer durante a primeira reunião do PPI (Programa de Parceria em Investimentos), no Palácio do Planalto. Participam os ministros Henrique Meirelles (fazenda), Dyogo Oliveira (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Sarney Filho (Meio ambiente), o secretário do PPI Moreira Franco e a presidente do BNDES Maria Silvia Bastos Marques. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O secretário de Parcerias e Investimentos do governo Temer, Moreira Franco

Enquanto o PSDB, fiel da balança para as medidas de ajuste fiscal do governo federal, trava acirrada disputa interna para definir um nome à sucessão presidencial, auxiliares do presidente Michel Temer defendem que ele não acene abertamente à corrida de 2018 antes de resolver a crise econômica.

Secretário de Parcerias de Investimentos e próximo do presidente, Moreira Franco disse à Folha que o PSDB é "fundamental" para a gestão Temer, mas que "não é possível" fazer projeções eleitorais antes de acabar com os problemas econômicos.

"O presidente não tem nenhuma possibilidade de colocar um projeto eleitoral no futuro. Se resolver a crise econômica, aí teremos expectativa de poder. Se não, não teremos", sustentou Moreira.

Responsável pela articulação política do Planalto, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) ecoa o colega de Esplanada. "Tem que resolver os problemas do país. Só nisso que pensamos e ponto final", declarou.

O discurso funciona como uma espécie de vacina em pelo menos duas frentes. Primeiro, para as especulações de que Temer pode se candidatar à reeleição em 2018 caso seu governo tenha êxito em resolver a crise.

Segundo, para a possível aliança entre PMDB e PSDB para a disputa daqui a dois anos, que já começou a ser projetada nos bastidores por caciques de ambos os lados, mas que o Planalto prefere levar com mais cautela.

A articulação da aliança entre as duas siglas foi antecipada pelo Painel.

Temer tem negado disposição em concorrer à reeleição, enquanto dirigentes tucanos colocam-se como cada vez mais "imprescindíveis à sobrevivência" do governo, principalmente após o resultado das eleições municipais.

O PSDB elegeu 793 prefeitos no primeiro turno e se consolidou como a segunda maior força política do país, atrás apenas do PMDB.

Peemedebistas e tucanos sabem que a aliança entre PSDB e PMDB –e o êxito do governo federal– são fundamentais para o sucesso nas eleições de 2018 e que, por enquanto, os dois partidos precisam conviver bem.

"Essa eleição foi um resgate para nós. Vemos agora que os mais condenáveis instrumentos foram usados para manter o PT no poder. A população compreendeu e fez um gesto a um partido que não mudou de lado e tem mostrado apoio a Temer", afirmou à Folha o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

ALCKMIN

Publicamente, Aécio tem evitado fazer projeções de longo prazo. Nas últimas semanas, dedicou-se a exaltar o resultado que sua sigla obteve nas eleições municipais de todo o país, como forma de dissolver a repercussão da vitória de João Doria à Prefeitura de São Paulo.

Doria é afilhado político do governador paulista, Geraldo Alckmin, que disputa com Aécio a vaga de presidenciável do PSDB em 2018.

O senador quer usar o bom resultado nacional do partido e a aliança com o Planalto justamente para se cacifar na disputa contra Alckmin.

Aécio tem a máquina partidária do seu lado –e trabalha para eleger um de seus aliados, o senador Cássio Cunha Lima (PB), como seu sucessor no comando do partido em maio do ano que vem.

Alckmin, por sua vez, também tentará emplacar um dos seus na presidência da sigla para almejar uma candidatura competitiva caso o PSDB faça prévias para escolher o nome ao Palácio do Planalto.

'LEALDADE SÓLIDA'

O resultado das eleições municipais, porém, é usado por Moreira Franco como outro argumento na cautela de manter o presidente Michel Temer, por ora, distante da disputa de 2018.

Segundo ele, essa campanha foi "diferente", com novas regras e "sob forte pressão de fatos políticos inflamados", como a cassação da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Para Moreira, é preciso ter cautela" ao avaliar que a base de Temer é "sólida". "Não é uma campanha capaz de projetar candidaturas para 2018. Não houve tempo para o governo tecer lealdades".


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