Folha de S. Paulo


Pai de novo ministro do Turismo é investigado em 3 casos de assassinato

Pedro Ladeira - 5.out.2016/Folhapress
O novo ministro do Turismo Marx Beltrão, no Palácio do Planalto
O novo ministro do Turismo Marx Beltrão, no Palácio do Planalto

Pai do novo ministro do Turismo Marx Beltrão (PMDB), o deputado estadual João Beltrão (PRTB) é réu em duas ações penais por assassinato e é alvo de um inquérito que investiga a sua participação em outra morte.

Líder político da família, João Beltrão foi prefeito de Coruripe e tem forte influência em toda o litoral sul de Alagoas. Neste domingo (2), a família elegeu prefeitos de cinco cidades da região.

Recém-nomeado pelo presidente Michel temer (PMDB) para o Ministério do Turismo, Marx Beltrão responde a um processo no STF (Supremo Tribunal Federal) por falsidade ideológica no período em que, assim como o pai, foi prefeito de Coruripe.

Pai e filho são aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que nega ter influenciado na indicação para o ministério.

Nos dois processos em que é réu, João Beltrão é acusado de ser o mandante dos assassinatos. Segundo a acusação, os crimes teriam sido praticados por funcionários do deputado.

Procurado pela Folha, o advogado de Beltrão, José Fragoso Cavalcanti, diz que o deputado nega ter qualquer participação nos crimes.

As duas ações penais estão em fase de instrução, na qual as testemunhas serão ouvidas. Os processos tramitam no Tribunal de Justiça de Alagoas, por causa do foro privilegiado do deputado, e ainda não há prazo para o julgamento.

Em um dos processos, João Beltrão é acusado de ser o mandante da morte do empresário Pedro Daniel de Oliveira Lins, o Pedrinho Arapiraca, morto a tiros na cidade de Taguatinga, no Tocantins, em 2001.

Segundo a acusação, Beltrão devia R$ 54 mil pela compra de cabeças de gado a Pedrinho Arapiraca. Um mês antes de morrer, a vítima tinha ajuizado uma ação na Justiça para cobrar a dívida.

No outro processo, Beltrão é acusado de ser o mandante do assassinato de José Gonçalves da Silva Filho, o cabo Gonçalves, em 1996. Ex-policial militar, Gonçalves teria descumprido a ordem de Beltrão de matar um adversário político e, por isso, teria sido morto.

O deputado chegou a ser preso em 2008 acusado de participação no crime, junto com os também deputados na época Antônio Albuquerque e Cícero Ferro.

A prisão foi decretada no âmbito Operação Resurgere, da Polícia Federal, na qual os deputados eram acusados pelos crimes de pistolagem e formação de quadrilha. Todos negam as acusações.

Beltrão ainda é alvo de um inquérito que apura a morte do bancário Dimas Holanda, em 1997. Nesse caso, contudo, o deputado não virou réu.

INFLUÊNCIA POLÍTICA

A família Beltrão domina a região do litoral sul de Alagoas, onde disputou cinco prefeituras nas eleições deste ano e ganhou todas.

Em Jequiá da Praia, Coruripe, Feliz Deserto, Penedo e Piaçabuçu, foram eleitos, respectivamente, a filha, o irmão, a cunhada e dois sobrinhos de João Beltrão.

A influência no litoral sul de Alagoas é tão grande que a família cruzou o rio São Francisco e ajudou a eleger em 2008 e reeleger Cristiano Beltrão prefeito de Ilha das Flores, no Estado vizinho de Sergipe.


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