Folha de S. Paulo


Alckmin quer emplacar aliado na próxima chefia do PSDB

Diego Padgurschi/Folhapress
O governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves durante entrevista no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, nesta quinta-feira
O governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves durante entrevista em São Paulo

Pessoas próximas ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmam que ele trabalhará para emplacar um aliado na presidência do PSDB, num gesto estratégico para rivalizar com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) o posto de presidenciável da sigla nas eleições de 2018.

Hoje, o próprio Aécio preside a legenda. A troca de bastão é obrigatória –ele não pode mais se reeleger– e vai acontecer na próxima convenção nacional do partido, em maio do ano que vem.

O argumento dos alckmistas é o de que o senador mineiro "deve" a ele um gesto, já que o governador apoiou a recondução de Aécio para o comando do PSDB após ele perder as eleições presidenciais de 2014 para a ex-presidente Dilma Rousseff.

Nesse cenário, argumentam deputados e aliados de Alckmin em São Paulo, seria natural que Aécio, agora, apoiasse um nome indicado pelo paulista para sucedê-lo na chefia da sigla.

O problema é que Aécio não tem demonstrado disposição em seguir esse plano. Nos bastidores, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), hoje líder dos tucanos no Senado, desponta como o nome do colega mineiro para a presidência do PSDB.

XADREZ

Cunha Lima é aliado de primeira hora de Aécio e atua em dobradinha com o mineiro na definição das estratégias do partido e siglas aliadas no Congresso.

O comando da máquina partidária é visto como fator imprescindível para que Alckmin tenha uma candidatura competitiva, caso haja prévias para definir o nome tucano para 2018.

O mandato de presidente nacional e de todo o diretório do PSDB é de dois anos. O nome eleito em 2017, portanto, terá papel central na definição do rito e do formado de uma eventual disputa interna. Alckmin tem pregado a realização de prévias com militantes para a escolha de candidatos majoritários do partido.

Hoje, porém, Aécio tem o apoio quase hegemônico dos tucanos com direito a voto na convenção nacional.

Participam da escolha os integrantes do diretório nacional, os ex-presidentes da legenda e ainda os delegados do partido, escolhidos em convenções estaduais. O número de delegados que cada Estado tem direito é proporcional à votação que a sigla recebeu naquele local.

No comando do partido há quatro anos, Aécio tem domínio dessa máquina e, hoje, tucanos de todos os matizes consideram praticamente impossível que ele seja derrotado numa disputa interna.

Por isso, Alckmin precisaria, primeiro, trabalhar por um acordo com o senador ou, em último caso, mobilizar forças o suficiente para tentar rivalizar com ele em uma disputa entre o seu candidato e o de Aécio.

FILA

Há, no entanto, uma fila de disputas internas antes da convenção. No próximo ano haverá a escolha de um novo líder para a bancada do partido na Câmara e, mais preciosa ainda, a disputa pelo comando da Casa, hoje nas mãos de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Aécio trabalha para, numa aliança com Maia, emplacar um tucano como sucessor do presidente.

Dois nomes despontam hoje dentro do partido como candidatos a essa disputa: o atual líder da bancada, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Apesar de paulista, Sampaio tem forte ligação com Aécio. Ele foi o coordenador jurídico da campanha do tucano e assina os recursos que levaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) os questionamentos às contas da campanha de Dilma e Michel Temer em 2014, que podem levar à cassação da chapa.


Endereço da página:

Links no texto: