Folha de S. Paulo


Procuradoria-Geral da República pede para investigar Zeca Dirceu

Lula Marques - 5.fev.2013/Folhapress
O ex-ministro José Dirceu, ao lado de seu filho, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), em imagem de 2013
O ex-ministro José Dirceu, ao lado de seu filho, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), em imagem de 2013

A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) na sexta (30) a abertura de inquérito para investigar o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) na Lava Jato.

O procedimento é sigiloso e ficará sob os cuidados do ministro Teori Zavascki, relator dos casos relacionados ao esquema de corrupção da Petrobras que tramitam na corte.

Como deputado, Zeca possui foro privilegiado e, por isso, só pode ser investigado com autorização do STF.

O sistema do tribunal mostra apenas que, para os procuradores, Zeca Dirceu deve ser investigado por lavagem de dinheiro.

O pedido da PGR tem como base o principal inquérito da Lava Jato no STF, o chamado quadrilhão, que mira no núcleo político do esquema.

Zeca é filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso sob acusação de ter recebido propina em contratos relativos à estatal.

DELATORES

Três delatores da Lava Jato que fizeram acusações contra o ex-ministro realizaram doações para a campanha a deputado federal de Zeca Dirceu na eleição de 2010, conforme a Folha mostrou em agosto do ano passado.

Essas contribuições representaram menos de 2% dos R$ 1,5 milhão arrecadados pelo parlamentar naquele ano. Na eleição de 2014, quando a Lava Jato já avançava na apuração do cartel e dos pagamentos a políticos, nenhum dos três delatores figura como doador de campanha.

Procurador, o gabinete do deputado informou que a assessoria de imprensa entraria em contato com a reportagem, o que não ocorreu até o fechamento deste texto.

OUTRO LADO

Na avaliação de Zeca Dirceu, o requerimento de abertura de inquérito "é uma tentativa de descabida" de inclui-lo na Lava Jato exclusivamente por ele ser filho de Dirceu.

"Não existe sequer uma única ligação, e-mail, contato, agenda de reunião, testemunho, delação ou coisa parecida em relação a qualquer atitude do parlamentar. Qualquer menção ao nome do deputado se trata de uma tentativa descabida de envolvê-lo nos fatos simplesmente por seu pai, José Dirceu, ser um dos envolvidos na Lava Jato", diz Zeca, em nota enviada por sua assessoria.

Ele afirma ainda que as doações recebidas em período eleitoral foram integralmente declaradas em suas prestações de contas.

"Não há e nunca houve qualquer tipo de tratativa do parlamentar junto às diretorias da Petrobras e as empresas investigadas na Lava Jato[...] Não existe um único fato sequer que justifique o pedido de investigação[...]", conclui o petista, por meio do comunicado.


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