Folha de S. Paulo


Sessão da CPI da Merenda com Capez tem tumulto e spray de pimenta

A sessão da CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo nesta quarta-feira (14), que estava marcada para as 9h com o depoimento do presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB), e de dois ex-assessores dele, atrasou por causa de um protesto de dezenas de estudantes que queriam assistir à reunião.

Por volta das 10h30, deputados do PT se retiraram da reunião, sob a alegação de que a Polícia Militar agrediu estudantes e criou um clima de guerra. Mais tarde, os petistas voltaram ao auditório.

O protesto dos secundaristas, que passaram a noite em frente à Assembleia, teve confusão e uso de spray de pimenta por policiais militares nos corredores da Casa. Segundo manifestantes e jornalistas, ao menos um jovem passou mal e um cinegrafista foi agredido.

Um adolescente de 16 anos foi apreendido pelos policiais. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o jovem é suspeito de ter praticado os atos infracionais de desobediência, resistência e lesão corporal contra policiais. Ele foi levado nesta tarde à Promotoria da Infância e da Juventude e disse ser morador de Duque de Caxias (RJ).

Confusão na CPI

Confusão na CPI

Os manifestantes bloquearam o acesso ao plenário onde estava prevista para ser realizada a sessão da CPI. Eles queriam que o presidente da comissão, Marcos Zerbini (PSDB), transferisse os depoimentos para um plenário maior, onde mais pessoas pudessem entrar.

Deputados e jornalistas ficaram sem acesso à sala por alguns minutos. "Se eu não entro ninguém entra", gritavam os estudantes. "Capez, ladrão, tem que ir pra prisão."

O deputado Capez foi ouvido por ser suspeito de envolvimento no suposto esquema de fraudes e pagamentos de propina investigado pela Operação Alba Branca, da polícia e do Ministério Público.

Devido a vários momentos de confusão, a reunião foi suspensa por ao menos quatro vezes nas primeiras horas.

NOTA DE REPÚDIO

A ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), em nota, repudiou as agressões que o cinegrafista da Globonews Amós Alexandre teria sofrido.

Segundo a associação, Amós recebeu um soco de um policial militar, caiu, e, ao se levantar, foi novamente empurrado pelo mesmo policial e pisoteado por manifestantes.

"A ABERT pede às autoridades responsáveis a adoção de medidas que impeçam a repetição de violência contra jornalistas no exercício da profissão, além da apuração rigorosa e punição do agressor", diz o texto.

Também em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que a ação dos PMs foi correta. "A atuação dos policiais militares na Assembleia foi dentro das técnicas previstas, ao escolherem utilizar o spray pimenta, recurso com menor potencial lesivo à disposição no momento. Imagens veiculadas por uma emissora de TV mostram que o spray só foi utilizado após efetiva agressão a PMs, não em alta concentração, e o ambiente permitia claramente a evacuação", afirmou a pasta.


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